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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

O que nós temos que eles não tem?

 

Pacard - Escritor, Pensador, Designer, e neto simpático de Maria Elisa*

"Eles", nesta ilustração hipotética, pode ser, ainda que num plural muito singular, qualquer um lugar que esteja longe de nosso alcance visual, mas que parece-nos conhecê-lo como a palma da mão, segundo nossa fantasiosa imaginação, de colocarmos a felicidade em outro lugar.

"Eles" somos "nós", do outro lado da fronteira, do outro lado do muro, do assento à mesa, mas do outro lado, o lado em que nós não estamos. Então, podemos jogar para o outro lado, as nossas esperanças, e também as nossas frustrações pelos erros que não soubemos cometer do jeito certo.

A Europa erra menos, porque já errou mais. A China, cresce muito, porque durante centenas de anos, cresceu pouco. Não pouco, em relação a si mesma, mas quase nada, em relação ao mundo, tanto é que Napoleão Bonaparte desestimulou seus generais de arquitetarem uma invasão ao velho dragão, que dormia de ressonar, profundamente. A América do Norte cresce demais, porque ainda tem muito por errar, até estabilizar o seu próprio crescimento, para que passe a errar menos. O Japão errou tanto, que ao retomar o fôlego, tornou-se os três macaquinhos da fábula: Não fala, finge que não vê, e evita escutar. E vive em paz. E vive com prosperidade. Não necessariamente bem, mas a coisa lá, parece funcionar.

A Rússia, deu uma deslizada no seu modo de operar as massas, mas já está recuperando o fôlego no seu gigantismo. Enfim, quase todos estão se ajustando ao seu histórico econômico e civilizatório. Até mesmo a velha (e põe velha nisso)e boa África, dentro de seu modo um pouco antiquado, digamos assim, também encontrou seu caminho (nem que seja para driblar a pobreza imposta pelos que erraram antes e se acomodam nos seus erros hoje, leia-se Bélgica que chacinou vinte milhões de congoleses, no seu próprio holocausto), leia-se também a Turquia, que tem o pé que é um leque, para reativar o grande império turcomano, mesmo que pra isso precise varrer as cinzas dos Curdos e Armênios pra debaixo do tapete persa., e engalfinhar-se apoiada pela OTAN (que aceitou, de otária, a adesão dos turcos), a trabalhar sua civilização, que se não fosse a excelente comida, seria completamente dispensável (não as pessoas, apenas a ambição de algumas das pessoas).

Aí chegamos ao velho e bom pátrio amado, Brasil! Altaneira Pindorama! Gloriosa Ilha de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz, e por fim, no melhor português a última flor do Lácio: "Terrae Brasiliis!" Excelente! Chegamos até aqui, agora não tem como voltar mais. É aqui que começo a perguntar o título: O que nós temos que eles não tem?

Temos uma terra boa e "valerosa", onde tudo que se plantar, nela dá. Dá milho pras vacas, pasto pros bois, alface pros coelhos, coelhos pras raposas, Lobo Guará, pras notas de Duzentos (que, tal como os lobinhos, que só os biólogos os encontram, as notas deste valor só existem no almoxarifado da Casa da Moeda, isto é, da nota de duzentos que ninguém viu. Nós temos o que eles não tem, por exemplo, as extintas mulatas, que estão proibidas de serem mulatas, e agora só podem ser ativistas afro-"empoderadas"  (cheias de poder) no empreendedorismo étnico cultural de exportação, que nem se exporta mais essa imagem, pois quem vai se interessar em ver cartazes de voluptuosas dançarinas seminuas, quando tem escândalo atrás de escândalo para se preocupar. Isso, aliás, me leva a pensar que os ativistas ambientais não gostem do sacolejo corporal das rainhas de bateria, e preferem as chamas lascivas das florestas queimando. Dá mais prestígio defender árvore do que gente, sabe. Dá mais abertura para discursos na ONU, (UN) do que um grupo de dedicados piedosos voluntários a servirem sopas pelas madrugadas nas periferias lúgubres das grandes cidades.

O que nós temos, que eles não tem, então? Temos os pobres para ganharem sopa. Temos as florestas para serem protegidas em troca de donativos milionários. Temos escândalos para garantirem a necessidade de juízes que se empilham sobre outros juízes e disputam a primazia de qual deles vai afrouxar as correntes no último instante, e permitirem que os condenados se "descondenem" pelo suave e curto braço da Justiça. Nós temos "eles", que não nos protegem, mas protegem aos que nós tememos. |Temos "eles", que nos desconhecem desde criancinhas. Temos "eles", que permitem que sejamos os "eles" deles, afim de que apontem os dedos, os mesmos que passam na gordura e chupem-nos para lamber o sal, aquele sal que não é necessário para aqueles que nem tem o que cozinhar, e portanto, sal pra que?

O que nós temos, que eles não tem? Temos esperança. Eles só tem experiência. Fiquemos portanto, longe deles, para que não tirem a nossa certeza que que o que tivermos que errar, serão os erros que teremos para chamar de nossos.

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