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terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

O país da alegria ou a alegoria de um país?

Imagem: internet

Pacard, Escritor, Designer, e não é folião. Um pouco bagunceiro, no máximo*

Nunca gostei do carnaval. Nunca. Nunquinha. Nunca entendi o surto programado de alegria etílica que transforma cidadãos em foliões que desnudam suas fantasias secretas, e as trazem ao lume dos festejos, sob a alegoria de brincadeira. Pode ser tudo, menos brincadeira.

Conheci pessoas que durante o ano inteiro, não colocavam um único gole de bebida alcoólica na boca, mas quando chegada a semana de carnaval, terminavam a terça feira em coma alcoólica no hospital. Eu mesmo, quando fui aprendiz de enfermagem, aos dezessete anos, atendi, em meus plantões, foliões alcoolizados, com olho queimado de cigarro (como isso acontecia, nunca tentei descobrir), sujos, vomitados, e outras imundícies que não cabe detalhar aqui. 

Mesmo assim, sentiam-se "completas e cheias de vida" durante os dias de carnaval!

Nunca consegui entender  qual é o prazer em beber até perder os sentidos, o paladar, a capacidade de estabelecer uma comunicação verbal ligeiramente compreensível, e ainda assim, sentir-se saudoso dessa circunstância absurda. Ainda assim, sou, civilizadamente, obrigado a respeitar que tem nesse estado de torpor psíquico materializado, o seu estado de graça e felicidade anual. E tenho que concordar, porque em datas como natal, aniversário, ou até mesmo eleições, alguém está frustrado, infeliz, melancólico. Eu mesmo, não tenho no natal o melhor modelo de confraternização, e aniversário, há muitos anos que não tenho celebrado mais. Nem meu, nem de ninguém. Já o carnaval, é unânime que, aos que nele se integram, seja uma festa ímpar de liberdade e folia sem limites, porquanto, segundo reza a lenda, o orifício excretor de ébrio é de domínio público. Assim, qualquer sinal que avançam nesse estado mental, pode ser atribuído ao álcool, e tudo é perdoável. Até mesmo sentir falta disso quando não é permitido. Ora, que tempos vivemos, Ô... Eu estudo profecias desde menino, e sempre ouvi falar que um dia, as pessoas seriam proibidas de exercerem seus costumes religiosos, e isso por impedimento de Lei, mas o que nunca imaginei que o principio das dores viesse exatamente com aquilo que o meio religioso (e eu junto) considera uma larga celebração pagã, fosse proibida (ainda que por argumentos sanitários), de enriquecer as destilarias, e como via de consequência, abarrotar as UTIs, pelos acidentes de trânsito, comas alcoólicas, ou efeitos colaterais dos excessos de comida e bebida, exaustão, etc.

Se eu fosse um sujeito dado às tabelinhas de causas e consequências, sob o olhar religioso, diria que são os pecadores pagando por seus pecados. Mas não posso dizer isso, porque carnaval não é o único veículo que pode conduzir a pecados, porque há outros, tão, ou mais graves. Muito mais. Eu poderia citar a má política, que engravida o caráter de quem já tem uma veia fraca para a vaidade, ou poderia mencionar a cabeça coroada de maus juízes e péssimos ministros (falo apenas dos maus e dos péssimos, e excluo os bons e excelentes), ou ainda poderia falar da ganância dos ricos, ou da inveja dos pobres. Não tem jeito. Eu poderia falar que a vaidade de pensar na própria santidade seja um dos mais convidativos. O mal quando quer produzir, acha matéria prima até com quem dorme. Então, como não sou sujeito à tais tabelinhas, apenas digo, que talvez tenha sido (eu disse "talvez", a providência divina, em fechar as passarelas, para aliviar os hospitais, porque a praga das pandemias é ainda mais imediata que os males das bebedeiras. Um e outro, matam, mas o trago mata com pinças, enquanto as pandemias matam com rodo.

O país das alegorias transforma-se agora na alegoria de um país sem direção, como o instrumento urinário masculino de um ébrio. Torna-se espetáculo de horrores em circo de desajustados. E diferente do Carnaval, que termina na quarta feira de cinzas, o mundo com sua pandemia está "sine diem", sem previsão de entrega da tranquilidade que nunca existiu.

Apertem os cintos e segurem o choro, porque, o verão da cigarra que cantava e dançava, cessou, e a formiga é mesquinha, não vai dividir o mofo de sua ração escondida nas profundezes, com quem quer que seja.

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