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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

Todas as Manhãs em Gramado - Os ilustres furões

Romeu Dutra e Horst Volk

Os ilustres “furões” (Penetras)


Isso aconteceu por ocasião de um Festival de Cinema, em Gramado, não estou certo se foi no quarto, ou quinto. Parece-me mais viável que tenha sida a quarta edição, o que também não importa quando, e sim, o que aconteceu.

Ocorre, que nesse tempo, o comando político da Prefeitura, havia mudado de corrente partidária, e dominava a turma do então MDB, que recém tomara o comando da ARENA, o partido do Governo militar.

Acontece, que durante estes eventos, os patrocinadores sempre faziam (acho que ainda fazem, não sei, há muitos anos que não sou mais convidado)festas memoráveis, os famosos “coquetéis” e “desfiles”. Empresas como uma tradicional joalheria da Capital, ou importantes lojas de confecção de renome, enfim, eram festas supimpas, de encher o bandulho e lamber os beiços, com muito barulho, música alta, e jovens atraentes balouçando as polpas e tudo o que seja possível balançar no andejar requebrado que praticavam nos corredores dos hotéis e dos salões de eventos.

Por ser aspone (assessor de porcaria nenhuma), eu era o “faz-tudo-e-mais-um-pouco”, e uma das minhas tarefas, era ficar junto à porta, observando quem chegava, para eventualmente liberar o acesso de algum convidado ilustre que esquecera o crachá.

E eu estava no lugar certo, e na hora certa, quando olhei lá for, pelas paredes de vidro do hotel, e vi duas figuras solitárias, de nariz colado ao vidro, olhando com timidez para o lado de dentro, parecendo com aqueles meninos que ficam espiando pela vitrine de um restaurante, enquanto comensais se abastecem de guloseimas.

Estes dois senhores eram, respectivamente, o Ex-Prefeito, e seu Ex-Secretário de Turismo, e também Presidente da comissão organizadora dos festivais anteriores, que assistiam o espetáculo, motivado e criado por eles, mas que não tinham mais o privilégio se estarem à primeira fila. Isto é, não tinham, por seu status de derrotados nas urnas, mas como eu nunca dei importância pra urna, não tive nenhuma dúvida: Fui lá fora conversar com eles, e perguntei:

- Por que os senhores não estão lá dentro?

- Porque não fomos convidados! Foi a resposta.

- Vamos corrigir isso imediatamente: Os senhores são MEUS convidados, e entrarão comigo, e tomarão seus assentos em lugar que merecem!

E assim foi feito.

Às vezes a gente pode ser um bostinha, mas saber dar o carteiraço na hora certa, tem o seu valor, e não há Mastercard que pague.

Eu era o bostinha convencido, metido, que não deixava ninguém ser humilhado, se fosse eu capaz de comprar a briga. E comprei. Tomei mijada do chefe. Azar. Eu fiz o que minha consciência mandou. E faria novamente.



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