Loteamento Celita - Foto: Acervo Legislativo de Gramado - Colhida na internet
A
Dialética de Fedoca no emaranhado das invasões de terra
Os
movimentos sociais são um fiel de balança das revoluções, e
servem como massa de manobra daqueles que melhor sabem vender o
paraíso, mesmo que depois tenham que entregar o inferno.
Paciência!
É a política e todos sabem que um punhado de descontentes com
titulo na mão podem fazer a virada de qualquer eleição, assim como
os mesmos títeres sociais podem, a qualquer tempo, se adequadamente
motivados, derrubarem o mesmo governo que elegeram, e nem tanto pelas
promessas não cumpridas, quanto pelas variáveis que possam
assolá-los em outro tempo, e desta vez, manobrados pelos seus
opositores.
Ou por elas mesmas, as próprias massas que também podem
pensar, mesmo que não seja esta a lógica das revoluções, pois por
definição, toda massa é volúvel, como cardumes de sardinhas
fugindo dos golfinhos.
Distante
dos grandes centros e núcleos produtivos, onde a mão de obra,
antes abundante, foi trocada pela tecnologia, em determinado momento
percebe as fragrância do perfuma da abundância, ou da bola da vez,
e em mutirões autômatos, migram para a direção de onde sopra a
brisa da prosperidade.
A
brisa da prosperidade, ao longo das últimas décadas, era soprada de
Gramado, para onde convergiam afoitos empreendedores em busca de
status, mas também fortuna, regada a bom vindo e farta de temperos
da nobre gastronomia. E toda a abundância não se refestela
solitária na caça, mas banqueteiam também com ela, os periféricos,
os fornecedores, a mão de obra, e no rastro desta, pelas migalhas
que sobejam, a pobreza, que chega disfarçada e sutil, gemendo
baixinhos suas dores, que não eram ouvidas pela algazarra das
festivas, mas que, à medida que as bodas iam terminando, à porta
dos noivos assentavam-se por fim, os mendigos, as prostitutas, os
cafetões, e numa linguagem presente, os traficantes,os assaltantes,
os desordeiros.
A
brisa da prosperidade formou um vácuo que sugou para seu tanque os
pobres, que foram determinantes para a vitória de Fedoca, os quais
viam nele um paladino, que prometia devolver Gramado aos gramadenses,
e como eu mesmo tenho dito, que gramadense é aquele que ama Gramado,
vive em Gramado, respira Gramado, e torna Gramado mais que um
amontoado de belos prédios, mas um grupo de grupos que formados por
outros grupos, é chamado de população, do latim: “popolum”,
povo, grupo de pessoas, gente, seres humanos, independente de sua
condição econômica, etnica, política ou de qualquer outro rótulo
que possa defini-la por grupo social.
Acompanhei
muito superficialmente a questão dos assentados, ou como queira
chamá-los, a justiça, de “invasores”, posto que entraram em uma
área de preservação ambiental, e nelas assentaram seus barracos,
na esperança de que o tempo lhes fosse aliado. Não foi, e a Lei
será cumprida, independente da vontade política do Prefeito, ou de
quem o antecedeu. Portanto, certo, como a Primavera,caso, em sessenta
dias, os assentados não deixem o local, as esquerdas estarão em
sérios apuros com aquelas pessoas,mas também no constante cobertor
curto que é a arte da governança, a Esquerda de Fedoca terá que
prestar contas, senão hoje, dentro de algum tempo, porque foi
obrigado a fazer cumprir a Lei, sob pela de que ele próprio, seja
punido se não o fizer.
Não
quero aqui ocupar o lugar de paladino destes grupos, uma vez que
seria de uma imoralidade ética fazê-lo, em busca dos aplausos da
oposição, que viu-se livre da encrenca, e nesse momento está
sorrindo em silêncio, pelo cálice que não precisou beber.
Por
outro lado, se eu me proponho a escrever aquilo que ouço das
pessoas, e através disso, formulo minhas considerações, e aliado a
isso ainda minha própria consciência, eu não estaria cumprindo meu
papel de crítico dos desmazelos políticos e sociais, se não
levantasse uma questão para reflexão, onde coloco de um lado, um
belo terreno, que deverá ter suas árvores replantadas, porque a Lei
maior, de cunho ambiental, assim o determina, ainda que seja para de
lá excluir aqueles que não puderam comprar um pedaço de chão nos
condomínios de luxo, onde todo o verde já foi devidamente
remanejado, e de outro lado desta moeda, onde Gramado poderia pensar
nestas pessoas como seres humanos em busca de oportunidade, e
oferecer de forma comunitária uma solução, onde seriam
beneficiados e trariam benefício, ou melhor, continuariam trazendo
este benefício, porque até onde tenho conhecimento, aquelas
pessoas foram parar em Gramado, porque em algum momento houve uma
demanda de seu trabalho na construção civil ou no turismo, que
exige uma logística complexa, e que cada pessoa, em seu estado
normal de civilidade, serve à outra, seja com mão de obra, ou
promovendo riqueza, com sua capacidade gestora e empreendedora.
Aqui
chego ao âmago da questão, onde digo que é falto de inteligência
gestora o administrador, seja público ou privado, que não é capaz
de oferecer soluções que beneficiem sempre aquele que se encontra
em situação de risco social.
Poderia
pensar ainda que tais pessoas, por não se adequarem às exigências
de um imigrante, com recursos de subsistência e investimentos se
torna dispensável. Sendo assim, Fedoca, que é descendente de
italianos, deveria reconhecer que também seus (e meus ) ancestrais
foram um dia invasores e intrusos nas terras dos bugres a quem a
civilização expulsou, mas mais que isso, oferecer à população
gramadense a oportunidade de reunir-se em busca de uma solução de
caráter humanitário, diferente de apenas pagar tres meses de
aluguel após o despejo, assegurando que no despejo seguinte, estarão
de costas para o problema, administrando a estratégia para a eleição
do ano que vem.
E
por que dei o título de “dialética”? Por uma razão simples:
porque por definição, dialética é a parte da filosofia que
trabalha o pensamento e a lógica dentro dos paradoxos, e como o PDT
de Fedoca é ainda um movimento ideológico que empunha uma rosa
vermelha, devo entender que siga a lógica de Marx.
Para a teoria
marxista, dialética compreende a teoria do conhecimento, através
dos filósofos Hegel, Marx e Engels. Para o marxismo, dialética é o
pensamento e a realidade ao mesmo tempo, ou seja, a realidade é
contraditória com o pensamento dialético.
Assim
dito, o paradoxo está em que os assentados por invasão estão na
condição de serem presos por declararem endereço certo e sabido,
para serem intimados, enquanto são lançados ao vazio dialético da
busca pelo poder, mesmo que o endereço certo e sabido seja apenas
temporário. Para alguns.
Irônico
seria se não fossem estas, as terras invadidas e sim outras tantas
que ainda estão quase intocadas nos arredores da cidade.
De toda forma, Gramado não tem obrigação de resolver os problemas sociais de outros municípios, mesmo porque Gramado não precisa ser solidário com ninguém. Já paga seus impostos, e o governo estadual e federal que resolvam o problema, pois não são Leis estaduais e federais que estão sendo cumpridas?
Ironia minha o último parágrafo. Mas aqui está um excelente momento para ser posto em prática aquilo que se prega no Natal Luz, ou no Ofício de Trevas da Semana santa, onde certamente seria um grande espetáculo para o Céu, se homens, mulheres, e políticos de boa vontade, encontrassem uma solução espetacular para as famílias que serão retiradas do assentamento provisório lá no "Cartão de visitas do Rio Grande".
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