AD SENSE

quinta-feira, 27 de abril de 2017

A Dialética de Fedoca no emaranhado das invasões de terra


Loteamento Celita - Foto: Acervo Legislativo de Gramado - Colhida na internet


A Dialética de Fedoca no emaranhado das invasões de terra


Os movimentos sociais são um fiel de balança das revoluções, e servem como massa de manobra daqueles que melhor sabem vender o paraíso, mesmo que depois tenham que entregar o inferno. 

Paciência! É a política e todos sabem que um punhado de descontentes com titulo na mão podem fazer a virada de qualquer eleição, assim como os mesmos títeres sociais podem, a qualquer tempo, se adequadamente motivados, derrubarem o mesmo governo que elegeram, e nem tanto pelas promessas não cumpridas, quanto pelas variáveis que possam assolá-los em outro tempo, e desta vez, manobrados pelos seus opositores. 

Ou por elas mesmas, as próprias massas que também podem pensar, mesmo que não seja esta a lógica das revoluções, pois por definição, toda massa é volúvel, como cardumes de sardinhas fugindo dos golfinhos.

Distante dos grandes centros e núcleos produtivos, onde a mão de obra, antes abundante, foi trocada pela tecnologia, em determinado momento percebe as fragrância do perfuma da abundância, ou da bola da vez, e em mutirões autômatos, migram para a direção de onde sopra a brisa da prosperidade.

A brisa da prosperidade, ao longo das últimas décadas, era soprada de Gramado, para onde convergiam afoitos empreendedores em busca de status, mas também fortuna, regada a bom vindo e farta de temperos da nobre gastronomia. E toda a abundância não se refestela solitária na caça, mas banqueteiam também com ela, os periféricos, os fornecedores, a mão de obra, e no rastro desta, pelas migalhas que sobejam, a pobreza, que chega disfarçada e sutil, gemendo baixinhos suas dores, que não eram ouvidas pela algazarra das festivas, mas que, à medida que as bodas iam terminando, à porta dos noivos assentavam-se por fim, os mendigos, as prostitutas, os cafetões, e numa linguagem presente, os traficantes,os assaltantes, os desordeiros.

A brisa da prosperidade formou um vácuo que sugou para seu tanque os pobres, que foram determinantes para a vitória de Fedoca, os quais viam nele um paladino, que prometia devolver Gramado aos gramadenses, e como eu mesmo tenho dito, que gramadense é aquele que ama Gramado, vive em Gramado, respira Gramado, e torna Gramado mais que um amontoado de belos prédios, mas um grupo de grupos que formados por outros grupos, é chamado de população, do latim: “popolum”, povo, grupo de pessoas, gente, seres humanos, independente de sua condição econômica, etnica, política ou de qualquer outro rótulo que possa defini-la por grupo social.

Acompanhei muito superficialmente a questão dos assentados, ou como queira chamá-los, a justiça, de “invasores”, posto que entraram em uma área de preservação ambiental, e nelas assentaram seus barracos, na esperança de que o tempo lhes fosse aliado. Não foi, e a Lei será cumprida, independente da vontade política do Prefeito, ou de quem o antecedeu. Portanto, certo, como a Primavera,caso, em sessenta dias, os assentados não deixem o local, as esquerdas estarão em sérios apuros com aquelas pessoas,mas também no constante cobertor curto que é a arte da governança, a Esquerda de Fedoca terá que prestar contas, senão hoje, dentro de algum tempo, porque foi obrigado a fazer cumprir a Lei, sob pela de que ele próprio, seja punido se não o fizer.
Não quero aqui ocupar o lugar de paladino destes grupos, uma vez que seria de uma imoralidade ética fazê-lo, em busca dos aplausos da oposição, que viu-se livre da encrenca, e nesse momento está sorrindo em silêncio, pelo cálice que não precisou beber.

Por outro lado, se eu me proponho a escrever aquilo que ouço das pessoas, e através disso, formulo minhas considerações, e aliado a isso ainda minha própria consciência, eu não estaria cumprindo meu papel de crítico dos desmazelos políticos e sociais, se não levantasse uma questão para reflexão, onde coloco de um lado, um belo terreno, que deverá ter suas árvores replantadas, porque a Lei maior, de cunho ambiental, assim o determina, ainda que seja para de lá excluir aqueles que não puderam comprar um pedaço de chão nos condomínios de luxo, onde todo o verde já foi devidamente remanejado, e de outro lado desta moeda, onde Gramado poderia pensar nestas pessoas como seres humanos em busca de oportunidade, e oferecer de forma comunitária uma solução, onde seriam beneficiados e trariam benefício, ou melhor, continuariam trazendo este benefício, porque até onde tenho conhecimento, aquelas pessoas foram parar em Gramado, porque em algum momento houve uma demanda de seu trabalho na construção civil ou no turismo, que exige uma logística complexa, e que cada pessoa, em seu estado normal de civilidade, serve à outra, seja com mão de obra, ou promovendo riqueza, com sua capacidade gestora e empreendedora.
Aqui chego ao âmago da questão, onde digo que é falto de inteligência gestora o administrador, seja público ou privado, que não é capaz de oferecer soluções que beneficiem sempre aquele que se encontra em situação de risco social.

Poderia pensar ainda que tais pessoas, por não se adequarem às exigências de um imigrante, com recursos de subsistência e investimentos se torna dispensável. Sendo assim, Fedoca, que é descendente de italianos, deveria reconhecer que também seus (e meus ) ancestrais foram um dia invasores e intrusos nas terras dos bugres a quem a civilização expulsou, mas mais que isso, oferecer à população gramadense a oportunidade de reunir-se em busca de uma solução de caráter humanitário, diferente de apenas pagar tres meses de aluguel após o despejo, assegurando que no despejo seguinte, estarão de costas para o problema, administrando a estratégia para a eleição do ano que vem.

E por que dei o título de “dialética”? Por uma razão simples: porque por definição, dialética é a parte da filosofia que trabalha o pensamento e a lógica dentro dos paradoxos, e como o PDT de Fedoca é ainda um movimento ideológico que empunha uma rosa vermelha, devo entender que siga a lógica de Marx. 

Para a teoria marxista, dialética compreende a teoria do conhecimento, através dos filósofos Hegel, Marx e Engels. Para o marxismo, dialética é o pensamento e a realidade ao mesmo tempo, ou seja, a realidade é contraditória com o pensamento dialético.

Para a dialética marxista, o mundo só pode ser compreendido em um todo, refletindo uma ideia a outra contrária até o conhecimento da verdade. Marx e Engels mudaram o conceito de Hegel, e introduziram um novo conceito, a dialética materialista, que dizia que os movimentos históricos ocorrem de acordo com as condições materiais da vida.


Assim dito, o paradoxo está em que os assentados por invasão estão na condição de serem presos por declararem endereço certo e sabido, para serem intimados, enquanto são lançados ao vazio dialético da busca pelo poder, mesmo que o endereço certo e sabido seja apenas temporário. Para alguns.

Irônico seria se não fossem estas, as terras invadidas e sim outras tantas que ainda estão quase intocadas nos arredores da cidade.

De toda forma, Gramado não tem obrigação de resolver os problemas sociais de outros municípios, mesmo porque Gramado não precisa ser solidário com ninguém. Já paga seus impostos, e o governo estadual e federal que resolvam o problema, pois não são Leis estaduais e federais que estão sendo cumpridas?

Ironia minha o último parágrafo. Mas aqui está um excelente momento para ser posto em prática aquilo que se prega no Natal Luz, ou no Ofício de Trevas da Semana santa, onde certamente seria um grande espetáculo para o Céu, se homens, mulheres, e políticos de boa vontade, encontrassem uma solução espetacular para as famílias que serão retiradas do assentamento provisório lá no "Cartão de visitas do Rio Grande".

Nenhum comentário:

Bella Ciao e Modelo Econômico de Crescimento - Táticas e Estratégias que modelam o Pensamento Político

Imagem: Bing IA Pacard - Designer, Escritor, e Artista, que tem nojinho de políticos vaidosos* "E sucedeu que, estando Josué perto de J...