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domingo, 2 de abril de 2017

As cavernas dos Bugres e o Salão do "Bate-Parma"

Imagem de internet apenas ilustraativa

Não sou historiador. Longe de mim ousar caminhar nesta senda intrincada. Sou apenas uma testemunha aquilo que vi e ouvi a respeito de certos fatos. E naturalmente, com isso ponho em fiança minha credibilidade pública nas coisas que relato. E aqui conto mais uma destas coisas que vi.

O relato de hoje é de uma caverna que foi descoberta durante a escavação de um barranco, em Gramado, para construção da estrada que leva do centro ao mato Queimado, na altura, precisamente, da entrada que leva à casa de meu primo (Z"L) Zacarias Elias de Moura,  no atual Bairro Moura, bem em frente onde ficava a casa do Otávio Elias*, primo dos Moura, por parte do pai deles.

*Otávio Elias tinha um pequeno botequim, e no porão, tinha um salãozinho de bailes, onde promovia encontros para dançar e namorar, respeitosamente, animado por um gaiteiro e um violeiro, geralmente pagos com cachaça. 

Era conhecido também como "Salão do Bate-Parma", isso porque nesse tempo, nos bailes menos, digamos elitizados, convidava-se as damas para dançar, postando-se à frente delas (geralmente de duas), fitando a desejada, e batendo palmas na frente dela.

Bizarro, não é mesmo? Pois acreditem. Bati muita palma pra tirar moça pra dançar,em bailes de Colônia. As moças tinham obrigação de aceitar dançarem, pelo menos uma "marca", sob pena de serem expulsas do ambiente, em caso de negativa injustificada, uma vez que as damas não pagavam ingresso ao baile. Os motivos para negativa justificada seria, eventual desrespeito, embriaguez, ou se o indivíduo fosse casado, e isso fosse conhecido delas. Fora isso, mau hálito, sovaco em deterioração, falta de banho, completa ignorância do vernáculo, ou coisas do gênero, eram irrelevantes, e pelo menos uma dança deveria acontecer. Sem agarramento. No respeito.

Corria o início da década de 70, eu creio, ou fins dos anos 60.  Mas certamente os registros do Arquivo Público devem confirmar que, pelas plantas da cidade, estavam alargando a rua, e pense só na alegria da gurizada, deslizando pelos montes de terra com perfume de infância, ouvindo e admirando o ronco dos motores das máquinas pesadas que deslizavam num bailado solene e maroto sobre a terra retirada dos barrancos.


Em dado momento, todas pararam.Haviam descoberto algo inusitado: uma pequena caverna, totalmente escondida, com cerca de dez a quinze metros de profundidade, baixa, com alguns utensílios e objetos de povos primitivos, e que, em poucas horas haviam desparecido completamente.
Imagem apenas ilustrativa

Foto: Panoramio https://mw2.google.com/mw-panoramio/photos/medium/48335055.jpg
As autoridades da época foram convocadas, e enquanto a cidade toda não foi lá dar uma bisbilhotada e compor teorias, não se tirou mais um pedaço de terra das imediações. Por longo tempo ainda, um restante de cova ainda se mantinha intacto, até que um novo traçado da estrada, desmanchou o vazio da toca, e nunca mais se ouviu falar da toca dos bugres da Vila Moura.

Ainda resta outra caverna sem definição, no barranco da subida do Parque Knorr, ao  lado da calçada da Avenida das Hortênsias, quase em frente ao Hotel Toscana. Mas mexer nisso, pra que? Índio só incomoda mesmo. (Antes que a FUNAI venha me torrar a paciência, isso foi uma ironia, viu?)

Além disso, eu não tenho nenhuma vocação para começar a brigar por causa de patrimônio Histórico. Quem sou eu..nem pensar mesmo. Afinal, vi desmancharem a Estação do Trem, reclamei, e nem me deram bola. Desmancharam muitas coisas, e muita gente reclamou. E nem deram bola. Então, não sou eu que vou reclamar por buraco de índio. Nem que a vaca tussa e o boi faça fiu-fiu.



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