AD SENSE

sexta-feira, 7 de abril de 2017

A Insustentável mediocridade do Ter




Longe de mim valer-me da originalidade de Parmênides no tocante ao dualismo travestido de paradoxo, quando estamos tratando da natureza humana, nem tampouco clipar Milan Kundera, senão no trocadilho infame do título deste ensaio de livre pensar. Nesta reflexão, embora eu tenha começado de forma erudita para dar um ar de inteligência, logo me vejo deslizando pelo corriqueiro para que eu próprio possa entender o emaranhado de meus pensamentos sobre o Ser Humano e neste tobogã de lama que desliza morro abaixo como as virtudes que escorregam nas costas das paixões nossas de cada encontro, procuro uma linha de condução de metáforas que me façam compreender certas coisas à minha volta. O consumismo do conhecimento por exemplo é uma delas. 
Não estou fazendo apologia à escuridão do saber, longe disso. Nem tampouco vestir de efemeridade a importância do conhecimento alcançado ao longo da civilização que se acumula e acelera sua prospecção e multiplicação ao sabor das horas, não mais medidas pelos astros nem por engrenagens engenhosas, mas por pulsos atômicos que levariam às fogueiras aqueles que os dominam, fosse isso conhecido no tempo das trevas morais da humanidade.
Não estou minimizando a importância do ser diante da efemerica virtude do Ter, posto que Ter e Ser se confundem numa sociedade onde um e outro são interdependentes e constantes. O que teorizo (e apenas teorizo) é sobre o Ter possuir a capacidade de moldar o Ser à medida em que um e outro só encontram portas e caminhos amplos enquanto outro e um, mais um que outro, se sobressaiam dobre o Ter de outrem, pisando mesmo no Ser espelhado no brilho das cifras que o Ter esparge ao passar, resignando o Ser à penumbra das paredes que se banham pela sombra nelas projetadas pela imponência do Ter.
Ter e Ser são, neste paradoxo existencial, crias construídas por outra metáfora ainda maior e mais danosa ao Ter e ao Ser: o Saber! Nesta tríade de paradoxos, Ter, Ser e Saber, cresce a movimentação do Pensar, e quando em movimentos de titânicas e complexas fractais do viver, emaranhadas pela inércia, posto que ainda são como Golens* sem alma, urge que nesta turbulência desenfreada, surge o que os façam serenizar sem que sejam aniquilados pela ânsia que os movem: nasce o Crer! E serenizam-se as paixões. Como num entardecer.
(Entardecer com Paz - Pacard)

*Golem: Ser mítico criado a partir do barro por sábios piedosos, mas que não possuem alma. Em sua fronte está escrita a palavra EMET em hebraico (verdade),  e quando é retirada o primeiro caracter, Álef, permanece a palavra MET (morte), e o ser estranho deixa de viver.

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