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terça-feira, 24 de janeiro de 2017

A política nas tendências de moda



Quando penso que sei alguma coisa, descubro que tudo o que sei é que nada sei. Esta frase não é minha, é uma adaptação de Sócrates (399 a.e.c). Falávamos de coisas diferentes, mas no fim de tudo, falamos da mesma coisa: o comportamento humano..

Não gosto de teorias de conspiração, como gosto menos ainda de esoterismo e misticismo. Não bate com minha fé Monoteísta, embora não seja sobre fé que quero falar, e sim do comportamento do Ser Humano através da sua fé, e a influência disso no mundo em que vive.

Durante muitos anos de minha carreira profissional, tenho sido convidado a falar sobre Tendências. Especialmente tendências no Design, que afetam o mercado moveleiro. Porém, falar de tendências sendo tão específico, é como participar de um rodízio de churrasco (desculpem vegetarianos, mas foi o primeiro modelo que veio à minha lembrança) e comer só umas folhinhas de alface e um talo de brócolis. Quando falamos de tendências, o ouvinte (ou leitor) precisa ter tempo disponível, porque o assunto é amplo.

Falar de tendências no design e deixar de fora os movimentos políticos e sociais que movimentam as massas humanas nos seus territórios, seria incompleto, pois o que acontece lá no continente Europeu, afeta diretamente o que acontece aqui na América do Sul. O tatalar das asas de uma borboleta no Japão pode causar um furacão na Austrália, diz a Teoria do Caos, através do chamado "Efeito Borboleta", criado por Edward Lorenz, em 1963. Lógico que há controvérsias e coincidências, fatores alternativos e variáveis, mas uma coisa é certa: o comportamento humano é atrelado à incontáveis fatores que determinam em sequência outros fatores. A ebulição destes movimentos, e a probabilidade que sejam repetitivos e sequenciais, pré-determinam prováveis efeitos neste ou naquele setor. A este conjunto de possibilidades chamamos de "Tendências". Se tivesse que resumir tendência em uma palavra, chamaria de "Costumes". Mudam os costumes, mudam as tendências. E é sobre  uma destas tendências que quero falar aqui. Vou tomar a liberdade de associar política com cores, cores com formas, e formas com comportamento social. Pelo menos vou tentar.

Observo com certa atenção que a cor laranja tem tomado espaço nas mídias de uma forma agressiva,, crescente, e invasiva. O próprio Blogger, onde edito estes textos, tem na cor laranja a sua identidade visual. A imagem que busquei para ilustrar esta reflexão não é editada, mas propositalmente exalta o calor do laranja sobre a Cidade-Luz, Paris.

Mas e a política, o que tem a ver com isso, fora uma sarcástica alegoria aos "Laranjas" que se infiltram nos governos para sugarem para seus donos, os verdadeiros mandantes da ordem econômica e social do mundo? Tudo! Vou explicar.

Quem determina as cores da moda, ao contrário do que imagina, não são os Designers, nem os coloristas, e talvez muito pouca influência tem os fabricantes de pigmentos e tintas. Quem determina as cores das estações são um conjunto de Institutos, entre eles o instituto da Cor, de Paris, e o Color Marketing Group, Pantone, e outros, que analisam os movimentos sociológicos do mundo, e com base nestes movimentos, traduzem suas conclusões em cores, que em si representam traços de personalidade social ou pessoal, e cada cor tem sua identidade ligada ao comportamento humano.

Nesta compreensão, que não quero me estender, analiso a possibilidade que evidencie as novas tendências do Design , a partir das convulsões sociais que vejo todos os dias pelas notícias que abarrotam meu perfil nas redes sociais. As próprias redes sociais fazem parte deste compêndio de transformações que cataclismam o cotidiano, e nestes vendavais de informações, vê-se o Ser Humano completamente enredado numa furiosa e desenfreada corrida por permanecer na frente.

As disputas, que outrora eram legadas apenas aos heróis do panteão grego, hoje enfileiram meninos desde a infância em jogos alucinantes, onde matar e morrer é uma brincadeira inocente. Ainda hoje, ouvi meu neto, á minha frente, jogando um game para crianças de seis anos de idade, onde as expressões que eu mais ouvia eram: "Vou acabar com você; vou te matar; arrebento você...",

Não vou entrar na seara das profecias, nem alardear o fim dos tempos, até porque isso não é preciso. Minha análise aqui apenas se prende nas respostas que procuro sobre as sensações que emanam destas convulsões sociais, e o quanto estes movimentos representam nas formas e cores daquilo que vamos colocar dentro de casa, ou estarão nas vitrines das lojas.

Qualquer movimento evoca para si um estilo. A Contrarreforma católica se opôs à Reforma protestante, lançando o Barroco, a pompa, o luxo, em contraponto à simplicidade e severidade do puritanismo luterano. Mais adiante, vemos a Revolução Industrial, que zerou o charme, e sobrecarregou a mecanização. Mecanizou tanto, que fez surgir outro movimento, chamado Arts & Crafts, que trazia de volta a beleza e a leveza do traço e das cores.

Este estilo evoluiu para o Art Déco, que era pura beleza estética, e adiante dele, o futurismo do pós guerra, evocava a revolução espacial como a nova fronteira do Design. E então o mundo perdeu as contas das revoluções que aconteceram e continuam a acontecer depois disso. E a nova fronteira destas revoluções é o princípio do caos, do efeito borboleta, onde o pós moderno não é mais suficiente nas artes, e assume um lugar na realidade. 

O pós modernismo do Rock Progressivo do Pink Floyd agora se projeta nas prisões brasileiras, nas casas trancadas, no medo do medo, no anoitecer indesejável, dos gritos no vazio. E este novo desenho de uma revolução onde a tecnologia disputa com a violência quem vai mais longe, disputam-se também nos tribunais quem rouba mais, quem prende mais, quem condena mais e quem consegue livrar mais corruptos nas barbas da própria Lei.

E este novo desenho nos traz traços confusos, que evoca cores difusas, onde o calor do vermelho começa a ser trocado pelo laranja da esperança, da ânsia pelo bem estar, pela volta da prosperidade, pela riqueza e pela sublimidade. Neste novo desenho onde as linhas retas se suavizam como que deslizando pelas formas, no desejo de demonstrarem que o frio dos concretos pode ser moldado aos orgânicos das montanhas e pela suavidade das ondas do mar.

Neste novo desenho que nos cerca, a suavidade as planícies se contrasta com o lilás do entardecer que promete chuva copiosa. E a brisa soprada pelos tons terrosos faz subir o perfume da terra com gosto de matas, cercando as paredes dos muros que escondem casas onde vivem pessoas com medo das sombras dentro das casamatas em que se transformaram as aldeias. Neste novo desenho, não há mais tendências, mas evidências, de que ainda podemos esperar primaveras, se flores plantarmos em nossos jardins.
O que o mundo desenha nos palácios é o que comerá, vestirá e onde dormirá o Homem daquele mundo. O que fazem pode ser escondido, mas o que escondem na terra, brotará como erva, e o mundo verá se é daninha ou comestível. Se são espinhos ou rosas. Tanto nos palácios quando na arte e no Design, são Homens e flores quem se cruzam todos os dias. Tanto lá quanto cá.

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