O que é a verdade?
Esta pergunta foi feita por Pilatos, ao Judeu acusado de blasfêmia, ao que deu como única resposta, um olhar penetrante e incisivo.
Jeder hat seine eigene Wahrheit (Cada um tem a sua verdade), é um ditado em alemão, que diz que a verdade pode ser encontrada com muitas vestimentas, e mesmo assim continuar sendo uma verdade inteira. Se você diz que chove, e está vendo a chuva, então esta é a sua verdade. Mas se outra pessoa, ao mesmo tempo, porém em outro lugar, diz a mesma coisa, "está chovendo", mas onde ela está não chove naquele instante, então esta não é uma verdade.
Conta-se que um homem encontrou dois homens em uma encruzilhada. Uma das ruas levava para uma cidade, e outra, levava a outra. E se ele escolhesse a rua errada, teria que passar a noite ao relento, e era perigoso. A outra rua levaria à uma aldeia bastante próxima, onde receberia abrigo e passaria a noite em segurança. O problema é que não havia nenhuma placa que indicasse o caminho daquela cidade. Então ele teria que perguntar aos homens qual seria a direção correta.
Mas havia um fato estranho. Junto deles havia uma placa que dizia sobre eles:
Um destes homens mente o tempo todo, e o outro não mente nunca. Eram porém, idênticos. Ele teria que fazer uma única pergunta e ter certeza da resposta. O que perguntar então?
Depois de muito pensar, e examinar os dois, decidiu fazer uma única pergunta a ambos e contentar-se com a resposta, depois de perguntar qual o caminho correto. Perguntou a cada um se ele era um sapo. O mentiroso diria que sim. O que falava a verdade, negaria isso. E assim ele dormiu sossegado naquela noite, de bandulho cheio e em segurança, na aldeia vizinha.
Que perguntas eu faria ao governo caudilhista de um aprazível lugar, antes de perguntar se ele seria um sapo, para ter certeza que sua verdade seria uma verdade inteira, isto é, antes e depois da eleição, pois caso fosse seu eleitor, e tendo a convicção que a verdade que eu ouvira durante a campanha seria a mesma que poderia defender depois de eleito?
Vamos às perguntas então.
Primeiro perguntaria se a "Vez e a voz dos gramadenses" seria um plano de expansão territorial, elevando Caxias do Sul, Porto Alegre e Estância Velha, à categoria de Bairros da Grande Gramado?
Por segundo, perguntaria o que significava "Redução de CCs", de cujo fator tenha sido decisiva a virada da última semana de campanha, onde propagava-se por todos os bairros e por meios dos disparatados malucos oficiais, que havia CCs demais, e que não seriam utilizados. A matemática de um seria diferente à aritmética de outro?
Terceiro, perguntaria ao povo gramadense se está realmente feliz e esperançoso com sua escolha de governantes que desconhecem a origem de palavras como Baixada, Cantão, Avenida, Tapera, ou se são capazes de responder sem gaguejar em que ano foi criado o Festival de Cinema de Gramado, e se sabem o que é a Festa das Hortênsias, ou ainda se alguma vez já comeu vatapá na FEARTE?
Eu perguntaria ao povo gramadense se está feliz pelo grande número de familiares que estão ocupando cargos nas salas esvaziadas pela caneta esquerdizadora do marxismo que começa a ser formatado, mesmo fora de época e lugar, numa cidade que é assumidamente capitalista e é assim que os aluguéis dos imóveis do novo Caudilho são pagos?
Enfim, digo que não é crime ser rico. Não é crime prometer algo, e infelizmente também não é crime não cumprir o que prometer, ou prometer de maneira subjetiva, para não ter que se comprometer com o aquilo que supostamente não tenha prometido?
Então, pergunto: Como fica esta encruzilhada entre a verdade e o despotismo autoritário, cuja fala mansa enredou seus aliados, os mesmos dez grupos partidários que querem se reunir em assembleias para cobrarem postura daquilo que tenha sido acordado para obter?
Como fica o partido que construiu verdades históricas, mas que na ânsia de chegar ao poder, assinou embaixo de um acordo que não tem nem mesmo a possibilidade de reclamar, mesmo que jogado para escanteio, como um trapo velho e se aproxima com cautela e pantufas macias?
Guardadas as proporções, as promessas em Cuba foram as mesmas. Na Rússia também. E na China. Marxismo é marxismo, em qualquer lugar, tempo ou dimensão. Em nome do povo para pisar no povo, e o seu povo é mais povo que o povo dos outros.
Vou dizer como se constrói nesse tipo de poder: com traidores! Nenhum poder se torna poder sem estar cercado de traidores. E quem tem o poder, tem também o poder de propor a traição e comprar o passe do traidor.
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