AD SENSE

sábado, 14 de janeiro de 2017

O que são os nossos caminhos...




O que são caminhos, senão lugares ao longo de uma terra usados para unir pessoas de outros espaços?

O que são as pegadas, senão os passos repetidos, gravados no chão, que se torna mais firme, a cada pisada que recebe?

O que são ainda os caminhos senão trajetos usados por muitos anônimos, que transitam ali com seus pensamentos e seus objetivos, e que em tudo pensam durante o trajeto, exceto no próprio caminho? O que são caminhos então, senão o lugar onde nos tornamos vivos e móveis, porquanto não fomos criados com raízes e sim com pés e pernas para que nos levem onde nossa vontade ou necessidade ordenarem?

Somos como caminhos.

As pegadas sobre nós são os passos que alguém deu sobre nossos próprios passos.

Nos pisaram, porque nos encontraram em seus próprios caminhos e não souberam contornar, optando pelo trajeto mais econômico: passar por cima. Somos como pegadas de alguém sobre o barro, que nos tornam mais firmes cada vez mais e quanto mais nos pisarem, mais rijos estaremos para os passos que virão depois de nós. Somos como a terra que se compacta porque sobre ela levam os homens e animais as cargas, cujo dorso final são muitas vezes nossos ombros. Somos como os caminhos que saem de lugares e levam outros a outros lugares. Uns são largos e carregam fama. Outros são estreitos e levam o necessário.

Muitos são intrincados, como também somos intrincados.

Outros são largos e vazios, e há ainda aqueles que se emaranham entre outros caminhos, pisam sobre outras pegadas, vão e voltam, e não chegam a lugar algum. Apenas pisam, enrijecem vidas, abrem sulcos de tantos caminhares, e caem no vazio.

Somos pegadas de nossas pegadas.

Passos de nossos passos e sendas de nossas sendas. Os estreitos e os amplos. Uns levam à vida. Outros levam à morte.

Uns caminham solenes. Outros caminham serenos. Uns espargem flores por onde passam, e ao voltarem, inspiram perfumes. Outros semeiam espinhos, e deixam dores por onde passam. Mas todos somos caminhos.

Passos e pegadas. Em linha reta ou emaranhada, somos caminhos e caminhantes. Caminhamos sós ou nos permitimos caminhar juntos. A chegada nunca acontece antes do fim, mas sempre caminhamos rumo ao fim, embora nossa vontade seja de caminhar de volta ao começo. A isso chamamos “saudade”.


Caminhos atrás de nós por onde não sabemos mais voltar.

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