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segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Fedoca Governador. Será?



Minha velha avó, Maria Elisa, olhava para um belo céu tingido de azulão profundo, sem uma única nuvem, matutava, matutava, e definia:
- Vai chover. O céu está muito baixo!


A bem da verdade, eu nunca entendi bem isso, do céu estar baixo.  De minha parte, prefiro confiar no conjunto de outras informações, recados, que a Natureza envia, tipo, nuvens "Rabo de Galo", saracuras gritando ao amanhecer ou à noitinha, ou ainda a assinatura final de temporal: as formigas de asas enchendo a grama, para deleite dos sapos, que surgem aos montes.

Na Bíblia, há muitos indícios de coisas que devem acontecer, e para que estejamos preparados para as consequências,m quando estas coisas estejam por acontecer, os profetas deixaram orientações, manifestações na Natureza, no comportamento humano, em vários fatores, e desta forma,nos preparamos para o pior, até que tudo passe e venha a recompensa.

Mas não é preciso ser profeta para saber que há algo novo acontecendo. E a política, por se tratar de atitudes orquestradas do comportamento social diante da busca do poder, é perfeitamente previsível que certas atitudes possam indicar este ou aquele comportamento, e desta forma se pode prever o passo seguinte deste ou daquele político ou partido.

Venho focado meus comentários, óbvio, do chefe de governo de Gramado, fiel militante do PDT, que na minha leitura, é um dos últimos partidos que mantém uma linha coerente com sua cartilha, gostando eu ou não desta linha, tenho que admitir que sim, há coerência, e esta coerência então é o que me permite alinhavar minhas reflexões sobre os passos seguintes desta costura política.

Embora sob outra sigla, o PDT, antes parte do MDB, e antes ainda ostentando a bandeira do PTB, que só não se manteve assim porque Ivete Vargas, sobrinha de Getúlio Vargas, deu uma rasteira em Leonel Brizola, e ganhou a sigla, fazendo com que Brizola e seus correligionários pensassem em outra sigla, nasceu assim o PDT, que perdura até hoje.

Por ter sido militante jovem do extinto MDB, embora nunca tenha sido filiado à este partido, tive a honra de ter sido convidado pelo então jovem Presidente da comissão organizadora, e atual Prefeito, Fedoca, a integrar o Diretório que estava sendo formado. Por razões que expliquei ao Fedoca, declinei do convite, e segui minha vida. 

Muitos partidos surgiram, muitas eleições, muitas trocas de partidos pelos protagonistas, o que é natural numa democracia, onde as pessoas tem o direito, e talvez até a obrigação de mudarem de ideia, se esta não estiver de acordo com suas convicções pessoais ou princípios políticos. A dança  das cadeiras é ampla, e quase todos participam dela.

Sendo assim, em Gramado, três frentes se mantiveram firmes em suas convicções partidárias, a saber: PP, PMDB e PDT. Quase todas as demais surgiram por razões técnicas em período eleitoral, e algumas cresceram, e outras sublimaram. PP, que já foi PPB, PDS e ARENA, foi, de todos, quem mais se manteve no poder, seguido pelo PMDB, antes MDB. Mas o PDT, sob esta sigla, nunca sentiu o gosto do cafezinho da Prefeitura, que é sempre muito bom. Andou sempre na berlinda, tímido, articulando aqui e ali, mas poder mesmo, não. Durante algum tempo, fez par ao Governo do Estado, mas depois caiu no esquecimento do eleitor, mesmo porque, que eu lembre, nunca concorreu sozinho.

O tempo passou, e o velho PDT entra pela porta da frente na prefeitura. O dragão adormecido despertou, e despertou com fome. Chegou de mansinho, na carona do PMDB, que estava (e continua) perdido na poeira, e instalou-se com força, e uma força que só o tempo irá confirmar seus intentos, que na minha leitura, são grandes, são ambiciosos.

Gramado é um pontinho perdido no mapa, em questão numérica, mas se agiganta pela importância de mídia que proporciona. Governar Gramado é equivalente a deixar de transmitir um programinha de música na madrugada numa rádio comunitária, e passar a ter a exclusividade de todas as matérias do Fantástico da Rede Globo. Tem projeção. Permite notoriedade e dá vitrine a quem esteja neste comando. Fedoca, e não apenas ele, mas o alto comando do PDT, perceberam isso, e ele não está só. Está sendo bem orientado por quem certamente vê nesta degrau o primeiro para a retomada do Piratini. E pode dar certo sua estratégia, pois tanto no Governo do Estado, quando em Gramado, o PMDB estão pela bola sete, tossindo enquanto respiram. No Estado, é tudo o que os adversários precisam, de um governo sem fôlego, para preparar-se para retomar a cadeira. De outro lado, o fôlego político virá de Gramado, que recebe uma Prefeitura rica (mesmo que esbravejem e esculachem porque faz parte do jogo político, eles sabem que é uma das cidades mais ricas do Brasil), e com vitrine internacional, cenário perfeito para projetarem seu novo projeto político para o Rio Grande do Sul, e quem sabe até mais.

Como farão isso? Já estão fazendo. A formação do governo de Fedoca por partidários do PDT de municípios que não têm a menor identidade com Gramado, é parte desta estratégia. E não adianta esbravejar, berrar, chorar, que nada vai mudar. O PDT vai formar todo o alto escalão de Fedoca, e terá pessoas chave, todos ligados ao PDT, em cada Secretaria, em cada Autarquia, em cada Escola, em cada Bairro. Esta é uma estratégia de quem pensa grande, e está amparado por quem pensa ainda maior.

Fedoca Governador? Ué, por que não? Ele tem um ano e meio para dar demonstração de capacidade de articular e revolucionar uma administração, e isso pressupõe, que, ao menos por ambição, senão por paixão mesmo, ele tenha cartas na manga e as ponha na mesa antes do licenciamento para campanha ao governo do Estado, ou então, por que traria pessoas desconhecidas a montarem seu Gabinete, se poderia obter a admiração de seus concidadãos e abraçar até mesmo os adversários, que em algum momento se permitiriam abraçar pelas ideias do Caudilho? Penso que seria mais fácil, mas isso não traria apoio de diretórios importantes para este projeto, como de Caxias do Sul, Vale dos Sinos, e outros mais.

Penso que isso tudo pode ser apenas um livre pensar. Pode. E pensar é necessário. Minha pergunta é: quem ganha e quem perde com um projeto desta magnitude? Gramado perde em ter um Governador com alma gramadense levando a expertise para voltar a tornar o Rio Grande orgulhoso de sua história e de seus filhos, ou ganha Gramado, em receber tanta gente de fora, não apenas para fruir das delícias que oferece, mas para fruir principalmente das benesses que o poder propicia?

Fedoca está certo em trocar gramadenses por partidários? Ou Gramado perde sua identidade, tornando-se um degrau para a ambição de forasteiros empoderados pela caneta de esquerda, que ganha máscara de oxigênio, para voltar à superfície destas águas outrora silenciosas?

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