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quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Nova frente política em Gramado - É a hora?




A palavra grega "Súdesmos" é traduzida em nossa língua por "Perdão". Mas é uma tradução pobre, porque súdesmos é bem mais que isso. Significa "desatar as amarras, libertar". Esta definição não por achismo meu, mas porque de fato significa um costume do tempo dos impérios grego e romano, onde um assassino deveria carregar o cadáver da vítima amarrado às costas, e daquela forma, aos poucos, ele morreria junto, sentindo o peso, o mau cheiro e o efeito de seu ato, na própria carne. Porém, se alguém o encontrasse no caminho, e desatasse as cordas, libertando-o do cadáver, e banhando suas feridas, ele poderia viver novamente e seguir livre. Estava literalmente, "sem um morto nas costas". Portanto, perdão, para os gregos, significava libertar-se daquilo que te incomoda, e bater a poeira, seguir a vida em um novo rumo, buscando sua felicidade.

Durante mais de cinquenta anos, Gramado viveu uma dualidade política, que já separou muitas famílias, amigos, e desperdiçou valores e talentos de forma irreparável. E esta dualidade sempre se acirra durante o período eleitoral. Este é um fenômeno típico de cidade pequena, com ranço de cidade pequena, onde o antigo coronelismo, ou caudilhismo, determinava quem era bom ou quem era ruim no contexto político e social.

Muitos empreendimentos que poderiam ter beneficiado o povo foram abortados, derrubados por ranço político, naquela máxima que "se veio do oponente, não presta". Esse tipo de atitude não é nova na história política do mundo. Lá no antigo Egito, há muitos exemplos desse narcisismo ideológico. Por exemplo, o Rei-Menino, Tut Ank Amon, não se chamava assim. Seu nome verdadeiro era Tut Ank Aton,, isto é,  Filho de Aton, mas deixa de ser filho de Aton, o deus-sol, para ser chamado de Filho de Amon, o  Isso aconteceu porque a dinastia de seu pai foi dominada, após a sua morte, e a adoração ao deus único, Aton, volta a ser politeísta, e elege Amon para paternidade espiritual do pequeno Faraó. E todas as inscrições foram raspadas dos monumentos e colunas, e ali foi reescrito o culto de Amon (evidente que esqueceram alguns, e isso foi o suficiente para desmascarar a farsa).

Gramado foi construído, em parte pelos políticos, e na maior parte, apesar deles. Não existe lei que obrigue um político a seguir as orientações de seu antecessor, nem mesmo se estiverem no mesmo partido. Então, o que entra, descobre na caneta uma ferramenta mágica, que tanto pode ser  uma suave pena que escreva a história de forma suave, quanto uma marreta que destrói bens e valores simplesmente porque foram idealizados por seus desafetos.

Cientes que embora seja um problema, um grave problema geral, Gramado nunca foi atrás do que era geral, e sempre soube construir sua história e solidificar seus valores, em cima de suas próprias experiências, e dos sonhos de seus empreendedores. Gramado nasceu, cresceu e vive pelo empreendedorismo, pela inovação, pela inovação e pela determinação de seu povo. Apesar dos políticos, apenar do hedonismo de alguns destes, e com o entendimento e participação do caráter participativo e construtivo de outros.

Quando falo dos políticos não estou fazendo referência apenas ao Legislativo ou Executivo, mas à toda a cadeia organizacional dos partidos, de suas ideologias postas em prática, até porque se os políticos seguissem apenas as cartilhas partidárias, o mundo seria perfeito. O problema é que quando chega ao poder a cartilha serve de almofada, e o ego determina as ações.

O que aqui proponho não é a criação de novos partidos, nem a franquia de existentes, mas uma reavaliação, uma reação popular crítica sobre aquilo que possa travar o crescimento humano, político e social do Município. Estou propondo a criação de uma frente pensante e atuante, que fiscalize os políticos, seja de que lado ou posição estejam, pois se a obrigação constitucional do Legislativo é criar leis e fiscalizar o executivo, e se bem não o faz, por falta de vontade, a obrigação do cidadão é fiscalizar quem fiscaliza, e mais que fiscalizar, reagir a tempo e até mesmo intervir quando o marasmo político se manifestar.

Gramado tem pessoas brilhantes, que por não concordarem com a polarização do poder, e antes dele, dos agrupamentos políticos, que não são apenas partidos, mas conjunto de partidos que se unem apenas no momento da disputa do poder e dos cargos, não se manifestam em tempo algum, e quando o fazem, é por entrelinhas, porque sabem que tomar partido é arrumar inimigo.

Quando comecei a escrever minhas reflexões, examinei o cenário, e até certo momento, defini-me por oposição, mas esta oposição tornou-se crescente, quando descobri que também poderia ser oposição à oposição, porquanto não haja qualquer tipo de oposição. Este jogo de palavras mostra quão confuso está o quadro político de Gramado hoje, e acreditem, quando a mente está fraca, o corpo padece. 

Manter um corpo político pensante é vital para que Gramado continue a ser Gramado. Se necessário, deve ser feito um estudo minucioso dos caminhos pelos quais Gramado já passou, e por quais caminhos deseja seguir. mas um estudo sem paixão, porém com paixão. um estudo pela razão, mas guiado pelo coração. um estudo com inteligência, mas sem que deixe de contemplar a simplicidade. É um estudo complexo, mas que talvez possa orientar a complexidade da confusão política que orienta Gramado hoje.

É só para pensar.




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