O Ser Humano sente uma grande necessidade de estar em cena. Estar em cena significa existir, e para existir, é necessário pertencer. Então se você pertence, você existe, e existindo, você está no foco das atenções, e desta forma, você sabe que está vivo.
Morrer é sair de cena. Deixar de pertencer. Não participar. Ser esquecido e esquecer. Então, o melhor é estar vivo. Mas vivo e sozinho é morrer e continuar andando. Não há vida no silêncio nem fora do abraço, portanto, perceber-se vivo é um permanente estado de gratidão. Aqui está a palavra chave desta reflexão: Gratidão!
Em todos os tempos houve moda e modismo. Modismo é a moda sem sentido e vulgar, embora moda também seja efêmera, muito veloz para fazer a diferença, pois o que faz a diferença nos costumes e na formação do caráter, não é a moda nem o modismo, e sim a intensidade com que um e outro estacionam na sua vida. Modismo e moda são passageiros, mas estacionam costumes que se perpetuam como tradições, e transforma tradições em colunas que sustentam seu caráter pelo resto dos dias. Mesmo que não tenha a menor ideia que foi levado pela correnteza sutil que movimenta a imbecilidade coletiva, e esta imbecilidade coletiva irá determinar os seus passos até o momento em que você também saia de cena.
O modismo atual é uma palavrinha que parece nobre: Gratidão! De fato, gratidão significa um sentimento que expressa reconhecimento por um bem recebido, então "gratidão" é a raiz da palavra que expressa agradecimento, porém, nesta reflexão, gratidão não é o agradecimento em si, pois para que expressasse, seria necessário que a palavra fosse transformada em interjeição nominativa, isto é, você agradece "a alguém", ao agente da benesse, senão a gratidão torna-se um vazio, e se aplicada no sentido da cultura judaico-cristã da cultura ocidental, uma blasfêmia, que quebraria a santidade do primeiro mandamento, onde presta-se reconhecimento Ao Agente da gratidão, e não ao objeto da bênção.
O modismo está na expressão unitária da palavra "Gratidão", que vem seguida, em muitos casos, de um gesto de mãos postas em oração, que evocam outro significado oculto, chamado "Namastê". Namasté é uma palavra em sânscrito que tradiz exatamente isso: "O deus que habita em mim saúda o deus que habita em ti", ou seja, não sou mais grato Ao Deus criador, mas como unidade com o Universo, torno-me um deus, de acordo com minhas ações e minha autodeterminação, com auxilio de meditações e em sintonia com o Universo, recebo as energias e as domino em favor de minha vontade.
Nesta linguagem, nem um pouco judaica ou cristã, evoco a mim esta gratidão, uma vez que se agradeço ao Universo, mas eu sou parte do Universo, então agradeço a mim mesmo, ao deus que habita em mim, o deus que eu sou.
Este modismo cresceu com o crescimento da influência oriental, especialmente da Índia e seus milhões de deuses, ao ser trazido pela rebeldia hippie dos anos 60, mas que acabou hibernando por alguns anos, e no século 21, com o crescimento das religiões evangélicas entre as classes mais pobres, e portanto que envergonha o intelectualismo proporcionado pelo acesso às mídias, foi sendo sincretizado por meio de pseudo ciências,e mesclando uma e outra influência, trazendo nova capa à necessidade espiritual que o Ser Humano tem. Desta forma, acomoda-se um e outro estilo e o movimento cresce, enquanto cada vez mais se mesclam uma e outra filosofias, formando uma geração que pensa ser espiritualizada, mas que se afasta da adoração Ao Criador, passando a adorar a criatura. Desta forma, mescla uma e outra e cria uma nova "casta" espiritualizada e contextualizada, mas girando como pião sobre um eixo único, que não se sustenta sem estar em movimento.
O que significa então "Gratidão" nesse contexto então? Na diferença entre você expressão uma palavra avulsa, ou expressão o sentido desta palavra ao destinatário. Enquanto eu digo simplesmente "Gratidão", estou agradecendo pela dádiva, mas não ao doador desta benesse. Mas seu uso a expressão: "Obrigado!", estou me dirigindo ao agente do favor, reconhecendo que tenho uma dívida com ele, ou Ele. Enquanto faço um gesto de mãos e expresso "Gratidão", estou deixando no vazio Aquele que deseja receber este reconhecimento, para que possa continuar agindo em meu benefício.
Então, se reconhecer que devo escrever o Nome do Destinatário no envelope a quem destino meu reconhecimento, estou expressando minha gratidão objetiva A Deus, O criador e mantenedor de minha vida, e minha esperança de felicidade duradoura, e deixando isso bem claro e sem rodeios. Se isso é ser retrógrado, ultrapassado, antigo, pois sou.
Mas como disse Jó, em seu sofrimento: "Eu sei que O meu Redentor vive, e que me levantará do pó da terra no último dia, e meus olhos O verão, e não outros", eu creio que A Quem devo ser grato, e dizer todos os dias: "Muito obrigado, Senhor!", seja sim O Deus Criador de todas as coisas, então A Ele vou ser grato, mesmo que continue fora de moda.
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