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sexta-feira, 13 de março de 2020

Adeus, abraço! Eu vou partir....

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Imagem - Internet
O título é um trocadilho. Eu amo trocadilhos. A vírgula poderia ser retirada, e ficaria assim: "Adeus abraço! Eu vou partir!" E essa é mesmo a segunda e primeira intenção da reflexão: Adeus ao abraço. Então, a frase "Adeus, abraço!", torna-se falsa, porque o abraço de adeus, ou de encontro, foi suprimido. A civilidade está se desintegrando como pão farelento no aperto da mão. Olha aqui outro trocadilhos. Hoje estou insuportável. O aperto de mão também dá adeus, e sem abraço, sem aperto.

O velho e mau diabo continua sendo diabo, se inovando a cada dia mais. Quando o mundo parecia já saturado de problemas, ele aparece com mais um, dois, uns duzentos, talvez. Ah, você acha que estou falando do tal Corona Vírus: Que nada! isso é café pequeno. Tem coisa bem, mas bem pior que isso para derrubar de vez o moral das pessoas, para entristecer de fato: Está declarado extinto o abraço, o aperto de mão, e até mesmo o afago. "Don't touch me!" (Tradução: Tira os dedo seboso das minhas teta), dizem os americanos. "Não-me-toque", o pequenino município escondido no interior do Rio Grande do Sul, a terra do abraço, tão forte, que recebe o nome de "Quebra-Costela", do aperto de mão cheio de trejeitos e salamaleques (a palavra vem se Salam Aleiko, ou Shalom Aleichem - A Paz esteva contigo), que traduz em toque de partes corpóreas não pudendas, a expresão de afeto, de boas vindas, de saudade, de consolo, de amizade. Pois é. Acabou. O diabo venceu também, e assim como o Sul do país é a região mais fria, e portanto mais suscetível às enfermidades próprias desta clima, começarão as vacinações pelo Rio Grande, e também o expurgo do abraço, três beijinhos, aperto de mão, e pra arrematar a diabice do tal, a proibição do chimarrão. Acabou tudo!

O objetivo deste ensaio não é enaltecer a obra em franca expansão do maldoso, mas demonstrar que
finalmente ele conseguiu um jeito de criar novos costumes em menos de uma lua de tempo. Em nome do cuidado com a saúde do outro, e da própria, as conversas passarão oficialmente pelos Smartfones, tablets, ou qualquer outro instrumento satânico a ser criado que consiga afastar as pessoas.

Fico pensando em quem estará lucrando com esse pandemônio desta pandemia, senão, em primeiríssimo lugar, a indústria de aplicativos, equipamentos, e websites, que proliferarão uma imensurável quantidade de dispositivos para oferecerem segurança, proteção, e entretenimento às pessoas, fazendo com que esqueçam elas, na maior brevidade possível, o que significava um aperto de mão entre duas pessoas civilizadas.

A coisa mais linda entre um grupo de pessoas era exatamente ser um grupo de pessoas. Em breve, será considerado um ato subversivo, uma conspiração para matar a cidade de alguma doença que nem se sabe  bem o que é, pois ainda não existe. Mas basta que duas ou três pessoas se reúnam, como Jesus ensinou, que isso não será visto como uma comunhão, uma fraternidade, mas uma conspiração embrionária, sujeita à penas altíssimas.

O abraço e o aperto de mãos são tão antigos quanto a própria civilização. Os russos, dão beijos na boca (para darem, quem sabe, uma lambidinha no resto de vodca que congelou no beiço do afeto). Os esquimós, esfregam os narizes congelados um no outro. Os franceses, dão três, quatro, ou umas duas dúzias de beijinhos no rosto. Os cachorros lambem o tico e depois lambem as pessoas (engraçado, que ninguém recomendou que não se deixasse lamber por cachorrinhos, os quais lambem o...ah, vocês já sabem o que). Os gatinhos se lambem inteirinhos, e depois esnobam o dono. Pelo menos gato não vai transmitir Corona Vírus pras pessoas. Então, o mundo amanhecerá um pouco mais triste depois que tudo passar. Enquanto isso, o diabo já pensou em outra malandragem para deixar o mundo mais bagunçado. Eleger o Lula, talvez. Não, isso nem o tinhoso quer pro reinado reinento dele, que tá indo tão bem.


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