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domingo, 22 de março de 2020

Tendências no Design - O que vem depois da crise?



Durante muitos anos, percorri o Brasil prestando serviços de consultoria à empresas, sindicatos, associações, e universidades, falando sobre Design, mais especificamente sobre Design para o setor moveleiro, no que diz respeito às tendências do Design para o setor.

Embora minha linguagem sempre fosse adaptada para ouvintes que produziam móveis e trabalhavam com interiores, não era possível dissociar as tendências por setores, apesar de que o setor de móveis apresentasse certas peculiaridades que o distanciava dos demais, em termos de tempo de resposta, isto é: em qual momento os fabricantes deveriam ou poderiam apresentar novos modelos de produtos, e mais especificamente, novas coleções que demonstrassem que aquelas empresas estariam em sintonia com o avanço da linguagem comum ao mercado, de acordo com os nichos em que atuavam.

Meus clientes variavam, desde fabricantes de móveis de luxo, área onde atuei por mais tempo, à móveis de natureza popular (os que pagavam melhor), que eram mais calcificados e resistentes a qualquer tipo de mudança, e com razões técnicas, operacionais, comerciais, logísticas, e econômicas, que favoreciam este comportamento.

A grande pergunta, em todas as palestras e seminários, ou reuniões de ajustamento com equipes de trabalho e empresários, era: "O que é Tendência, e o que define uma Tendência?". E esta era a melhor oportunidade para levantar as colunas do conhecimento e informação a respeito do tema, o que faço aqui, brevemente, para justificar esta análise, e seguir com a construção da reflexão.

Se tomarmos um arqueiro, com arco e flecha como referência, teremos a seguinte leitura e comparação: O arqueiro é a inteligência coletiva que direciona os acontecimentos, os quais formatarão os caminhos a serem percorridos pelo mercado. O arco, é o aparato de informações, a energia contida que determina a pressão e velocidade com que os fatos acontecem, e a forma e intensidade com que as informações e produtos serão oferecidos ao mercado. A corda é o tensor de direcionamento que impulsionará os produtos e serviços para este mercado. A flecha são as decisões que permitirão que uma adaptação entre desejo e necessidades do mercado sejam compreendidas e ajustadas à capacidade de produção e alinhamento com este mercado. E por fim, o alvo, é o mercado, que tanto pode ser fixo quanto variável. Assim, o conjunto formado pelo arqueiro, arco, corda e flecha se movimentarão para acertarem este mercado.

O que ocorre quando há uma movimentação linear, ou em um vetor perceptível, previsível, é que o marketing se torna obeso, e praticamente "desnecessário", a partir de um mercado comprador, e de um produto de grande aceitação, que "se vende sozinho". É neste cenário que trabalha, de modo geral, o setor moveleiro, onde a troca de mercadorias e produtos não ocorre com tanta frequência quanto, por exemplo, no vestuário, no calçado feminino, ou nos cosméticos. Não há flexibilidade visível do target (público alvo), senão em razão de alterações de cunho sócio-econômico (mudança de status financeiro), ou migração territorial (mudança por trabalho ou outras razões). Um ditado bastante comum na movelaria é que "as pessoas trocam de carro, de casa, e até de cônjuge, mas não trocam de móveis, se estes forem de boa qualidade. O mobiliário propõe certo valor afetivo, e sua troca é cercada com certa dramaticidade, ainda que haja mudança de status financeiro da família. Assim, o mobiliário pode ser enquadrado no target fixo, que exige pouco esforço de marketing das empresas, e geralmente seu tempo de permanência no mercado, ponto comercial, e aparência da loja, além da qualidade dos produtos e serviços, são o marketing em si. Exigem pouco esforço de profissionais e a criatividade fica restrita à modelagem, de modo geral.

Já o alvo móvel, flutuante, é aquele mercado que está sujeito às alterações de eventos geopolíticos, que determinam a obsolescência dos produtos com tal velocidade, que não se pode fazer previsão de largo espectro, isto é, para longo prazo e território. São voláteis os acontecimentos, assim como são voláteis as razões que levam uma pessoa a decidir mudar algum tipo de rotina ou preferência pessoal, em razão das motivações do grupo de influência à que esteja conectado. Por exemplo: Entre os adolescentes, há uma contínua mudança de consumo, com base na natural mudança de comportamento e humor próprios de sua faixa etária e mental. Neste mercado, predominam os modismo, seja uma cor de cabelo, um conjunto de adornos faciais ou corporais, um tipo de comida, contanto que seja breve, ou um gênero musical, seja local, nacional, internacional, ou ainda extremamente exótico, excêntrico, ou bizarro. Desta forma, o pessoal do marketing está em contínua fermentação de ideias  e propostas que possam satisfazer este nicho de mercado, que não é fiel, posto que efêmero. Este nicho, no entanto, não é um consumidor confiável, uma vez que a família, ainda que disponha de recursos, não investe muito em modismos para seus filhos, porque sabe que em dois anos, ou menos, terá que trocar tudo novamente. A sua transição entre o infantil, cheio de adornos, e o adulto, talvez mais minimalista, tenha que sofrer essa metamorfose heterogênea, louca, espalhafatosa, birrenta, agressiva, revoltada, mas ainda assim, gentil, ansiosa, inquieta, sonhadora, sem saber com que, expectante olhando para o vazio das incertezas, delicada, chorona, desbocada, sonora, sincera, angustiada, sinistra, mas ainda assim, consumidora. Potencialmente consumidora.

Na linha média, dedicada ao mercado nervoso, consumidor de Rivotril e Escytalopram, de carros tipo SUV ou populares, ainda assim, devastadores de promoções em potencial, usuários nervosos, irrequietos, e atentos às flutuações das tendências, assíduos religiosamente nas academias, conhecedores profundos de biotipos, para adequação dos energéticos, que conhecem tudo e de tudo sobre medicina védica, biomolecular e quântica, tudo por meio do Google, entendedores de confluências astrológicas, e capazes de mobilizar multidões em apoio ou objeção política à este ou àquele líder, à esta ou àquela causa, são estes a alegria e o pavor dos que pensam a linha de produção das indústrias, à que atendam o "Fast-Food" das exigências do design, onde o que hoje brilha, amanhã deva ser acetinado. Onde hoje predominam as cores quentes e sanguíneas, amanhecem em tons pálidos e neons, e tons sobre tons, onde até a nomenclatura, antes afrancesada de "Ton sur ton", se transforma em "over color", ou facilitam para sobreposição de tons. As indústrias químicas voltadas às cores, investem milhões de dinheiros para produzirem uma cartela volumosa, onde confundem os consumidores, tamanha a variedade ofertada, e assim todos os demais materiais, revestimentos de superfícies, pisos, acabamentos, que deixam-nos ainda mais confusos, ansiosos pelo tempo que urge, e contratam profissionais com expertise em adivinhar o gosto de quem não sabe do que gosta, e promover arranjos e combinações sem protocolos, senão apenas no gosto pessoal dos próprios designers. Esta é, no entanto, a grande propulsora de todo o sistema econômico mundial. A Classe Media emprega os pobres para tirar-lhes um caldinho, enquanto os verdadeiramente ricos, olham para uma e outra categoria com o mesmo olhar de quem estica o pescoço num açougue para escolher o melhor pedaço de carne para grelhar à noite.

A linha popular, dentro da movelaria, é a que agrega as maiores indústrias, pois produzir para pobre é muito caro. Exige um investimento com muitos zeros, e as indústrias que abarrotam o mercado deste padrão, são as últimas a aderirem às tendências do traço e acabamento, e quando o fazem, é por acomodação daquilo que retiram do que foi largamente vendido á Classe Media. Isso tem um tempo de vida útil de dez a quinze anos, ou ainda mais. E quando muda, quando este consumidor passa a comprar aquilo que viu na loja de Classe Media, é o momento em que o objeto já foi popularizado, e há muito tempo já migrou para outra categoria. Assim funciona o setor moveleiro no Brasil e no Mundo, resguardadas as características de cada país.

Os ricos não seguem, nem fazem as  tendências, não aderem à moda, e são cautelosos em aderirem às mudanças, e quando o fazem, não há uma percepção disso no mercado, mas ainda assim, representam um nicho, ao qual os analistas devem atentar, porque também há um setor dedicado à este padrão de consumo, porém não é destes que trato aqui nesta análise. Os excepcionalmente ricos, que estão acima dos bilionários,  ricos irão participar nesta movimentação de ondas de choque, como os círculos concêntricos de uma pedra jogada no lago de água parada, mas não no movimento das ondas e sim na contenção da água. Não molham os pés, mas são os donos do lago.

Foram as mudanças no comportamento político e religioso que tiveram vantagens com a invenção da imprensa, por Guttenberg. Se o primeiro livro impresso em serie foi uma Bíblia, naquele momento era a falta de acesso ao Livro sagrado que escravizava a sociedade, através do privilégio privativo ao conhecimento de poucos religiosos, e esta tecnologia revolucionária democratizou acesso aos textos sagrados, permitindo que a liberdade de consciência tivesse vez na história. A mesma tecnologia a partir disso só foi substituída pela era digital, seguida pela revolução cibernética, que democratizou (e poluiu) o pensamento. Onde antes havia falta de informação, agora há excesso dela, e novamente são necessários os eruditos e os livres pensadores para interpretarem tais excesso, traduzindo ao povo aquilo que precisa compreender, de um modo que não precise ser erudito.

Mas e como podemos entender as variações das tendências?
São os movimentos mundiais, de natureza geopolítica, que determinam o rumo dos acontecimentos e das tendências, e dou exemplo de guerras, que mudam fronteiras, ou as catástrofes, que mudam o modo com que as autoridades planejam a segurança, com que as populações conduzem-se em comportamento, como a economia sofre abalos, e como a população passa a comportar-se diante destes acontecimentos. O grande paradoxo é que em teoria, todos querem a paz, mas são as reviravoltas sociais quem impulsionam as mudanças.  Foi a necessidade de adaptar os equipamentos que um soldado deveria carregam em campanha, que fez nascer a ciência (ou o conjunto de ciências) que forma a Ergonomia. Foram os bombardeios absurdamente inusitados às Torres Gêmeas em Nova Iorque, quem modificam completamente o comportamento de segurança nos aeroportos. Novas e cuidadosas regras de seguranças foram criadas, e hoje é inimaginável entrar em uma aeronave sem ter passado por um detector de metais, seguido de um equipamento de Raio X que vasculha até um alfinete que possa estar escondido nas malas. Foram ainda os acidentes aéreos que causaram comoção em tantas pessoas, quem determinaram severas proibições, antes consideradas sociais, como fumar à bordo, ou beber álcool á vontade, em viagens de curta distância. Foram ainda as grandes epidemias, que motivaram, ou melhor dizendo, forçaram as autoridades sanitárias, com suporte dos governos e suas articulações políticas, grandes descobertas científicas, como a Penicilina, as campanhas de higiene (que ainda não são bem compreendidas até hoje), os avanços da medicina. Foi a dor nas cirurgias, nos tratamentos dentários, que motivaram a descoberta das anestesias, enfim, "a dor ensina a gemer", diz o ditado, e de todo movimento social, de todo o abalo da normalidade, há o sofrimento, muito sofrimento, e tais vítimas tornam-se mártires involuntários, para que sejam aceleradas as soluções preventivas, e desta forma, cada tempo tem seus demônios, e cada demônio encontra, ao fim, seu oponente iluminado. Assim, cada abalo na zona de conforto de um tempo, um grupo, ou um sistema, faz agitar as águas, e as águas removem lama do fundo do lago da existência, e esta água barrenta diz que algo mudou.

As tendências trabalham desta forma. Os movimentos geopolíticos, sociais, sanitários, religiosos, fazem com que as pessoas modifiquem seus hábitos, seja por ação abrupta, por determinações dos governos, ou mesmo voluntariamente, por prevenção ou proteção, por acomodação, e assim, ao repetir-se cada gesto, no terceiro movimento, torna-se contumaz, e os gestos contumazes, tornam-se ventos que sopram as tendências para todas as direções. Assim aconteceu com a tecnologia, que modificou o comportamento das pessoas. Dou exemplo de uma sala de estar, em uma casa de Classe Media, que necessitava de uma estante enorme na sala, quanto maior, melhor, e nesta estante, deveria ter um nicho grande, ao meio, para a TV, que era um cubo imenso, uma geringonça desengonçada, que exigia uma profundidade de até 70 centímetros de espaço, considerando o vão da parede. Ao lado, outro espaço, duplo, para duas imensas caixas acústicas. Outro para equipamento de som e vídeo, além de nicho separador para discos de vinil. Este mesmo móvel, acomodava uma pequena biblioteca, que tinha obrigatoriamente, por uma questão de status, uma enciclopédia tipo "Barsa", ou "Delta Larousse", "Mirador", ou equivalente. Um grande Dicionário "Aurélio", uma Bíblia aberta sobre outro espaço livre no balcão. Havia ainda um nicho para expor porta-retratos, um pequeno bar com tampa levadiça, gavetas, e um pequeno escritório.

Com o advento da internet, do mundo cibernético, a enciclopédia, ou todas elas, foram substituídas pelo Google. Os retratos, pelo Facebook, Instagram. O escritório, pelo Office. A TV aumentou de tamanho, mas reduziu a profundidade, e as caixas de som, quase cabem no bolso, com uma potência dez vezes maior. Por fim, a estante inteira passou para a palma da mão, com todas as vantagens possíveis. E as marcenarias perderam para o silício, sem contar que um armário custa vinte vezes o preço de um Smartphone. O costume gerou a tendência.

Eu poderia gastar muitos bits citando exemplos, o que acho desnecessário, pois penso que me fiz compreender até aqui. Costume gera tendência e tendência gera moda. A moda gora a roda e a roda gira o mundo, mas ainda não disse o que penso que poderá acontecer no "Day After" às quarentenas apocalípticas para o combate de um inimigo covarde, que não mostra a cara, de tão pequeno que é. Pequeno, mas poderosos, disso todos sabem. E o poder deste vírus, vai além de sua capacidade de cortar o fôlego de vida, pois o efeito em cascata do isolamento imposto ao mundo inteiro (excetuam-se aqui países em guerra e em miséria absoluta, quem nem há como serem contabilizados ou mapeados os efeitos desta ou daquela epidemia. Tudo é calamidade, e lá a única tendência pertinente é a morte como alívio. Então, vejo uma serie de costumes sendo modificados a partir deste rescaldo.

Vejamos alguns exemplos: Os Conselhos de Medicina estão liberando seus filiados a prestarem consultas por meio virtual. Na prática isso já acontecia, desde o momento em que você conversa com seu médico e expõe algo, envia fotos, descreve os sintomas, e se ainda dispuser de equipamentos de aferição dos sinais vitais, ele poderá diagnosticar com quase e mesma eficiência . Isso poderá gerar um efeito em cadeia, que permitirá que mais e mais atividades sejam oferecidas via web, e estas mudanças, ampliarão ainda mais o mercado de tecnologia, de inteligência artificial.

Atrás da inteligencia virtual, virá o avanço da robótica, dos drones, da tele entrega por drone, em lugar de motobóis, e cada vez menos o contato e o contágio humanos de darão. cada vez mais a prisão domiciliar, ou seja, o recolhimento, em nome da segurança, serão incentivados. Os apartamentos darão lugar aos espaços vazios, pois pela tecnologia, tudo será minimizado, para que haja mais mobilidade nos espaços, ainda que pequenos. Mesmo os mais pobres, modificarão seus costumes, porque a mesma tecnologia que serve ao rico, serve ao pobre e cada vez mais os objetos e espaços serão funcionais, otimizáveis, ajustáveis, dobráveis, infláveis, e cada vez mais novos materiais permitirão flexibilidade, resistência e leveza. Tecidos inteligentes, com identificação genética serão confeccionados para que sua tecitura se ajuste, tanto à modelagem do corpo, quanto à sensibilidade da pele, que modificarão sua estrutura molecular, de acordo com a temperatura do corpo em resposta ao clima, ou à falta de circulação de uma e outra parte do corpo. Tais tecidos poderão ser baterias solares, e conter micro transmissores e sensores, que enviarão à uma central que está abastecida com todas as informações acerca de seu corpo, e automaticamente esta central irá monitorar todo o seu metabolismo, de forma inteligente, liberando descargas elétricas que potencializem suas células a enviarem informações ao seu cérebro, que também, estará conectado  a uma central de monitoramento, assim como hoje existem centrais que monitoram já alguns sinais vitais, mediante valores bastante acessíveis.

Não tenho como imaginar todos os avanços em consequência das necessidades e soluções empíricas encontradas durante a falta de insumos durante uma carestia, seja proporcionada por guerra, epidemia, catástrofe natural, ou movimentações econômicas globais. O certo é que sempre nestas movimentações sísmico-sociais, em ondas de choque também vem as soluções e os avanços. Aquilo que é ruim para muitos, gera conforto posterior para muitos mais. Parece uma lógica terrível, e é terrível, se pensarmos na causa destas criações, mas saudável, se lembrarmos que aquilo que castigou a tantos, proporcionou segurança à muitos mais.

No campo profissional, depois de uma grave crise, aquilo que era aceitável, torna-se supérfluo, e predomina o extraordinariamente necessário no mundo fabril. O trabalho intelectual ligado ás artes, ao Design, poderá sofrer muito no aspecto econômico, porém poderá encontrar nichos escancarados de oportunidades no campo criativo. Porém, é na crise que surgem as oportunidades, e não estou falando de ganância, mas doas oportunidades construtivas, saudáveis, que beneficiam a sociedade. vamos analisar algumas delas.

A higiene pessoal
A primeira coisa que aconteceu depois que se espalharam as primeiras notícias foi que veio a crença de que bastava lavar as mãos com álcool gel, que tudo estaria resolvido. Não estava, mas o produto desapareceu dos mercados, inflacionou, gerou lojas fechadas pelo abuso, grande impérios de bebidas e perfumes, açúcar e álcool combustível, imediatamente passaram a produzir, em larga escala, o danado do álcool gel, e hoje chega a ser blasfêmia encostar no nariz, sem borrifar na mão meio litro do gelatinosa substância. No entanto, com o passar dos dias, e as milhares de informações a cada instante, descobriu-se que basta umas gotinhas de detergente de louça, ou mesmo sabão, e lavar bem as mãos, que dá na mesma. Acreditem: O Ser Humano chegou em marte, faz teleconferências, mas não sabe ainda que precisa, e nem como se lava as mãos. Não sabia, pois agora sabe, apesar de que, assim que passar a crise, vai esquecer tudo de novo.

A Defesa Civil e Diagnósticos
Até há duas semanas atrás, acreditava-se que a Defesa Civil, servia apenas para cuidar de calamidades naturais, enchentes, desabamentos, vendavais, mas desde então, descobriu-se que a Defesa Civil passou a serem os Bombeiros, acompanhados dos Médicos, Enfermeiros, Agentes de Saúde, mas a própria população (ou grande parte dela) deu-se por conta de que é isoladamente um agente comunitário de defesa nacional, mundial até. Houve um despertar de interesse, não por consciência, mas por pavor mesmo. O que sai de produtivo nisso é a tecnologia que está sendo utilizada e será aprimorada. Hoje há dispositivos eletrônicos capazes de detectar muitas coisas: O clima, terremotos, bactérias, e até mesmo vírus, porém cada detecção é muito localizada, no caso de patógenos.  Assim como há novos equipamentos que detectam vários tipos de câncer, com apenas uma gotinha de sangue, onde antes exigiam muitos e muitos exames, invasivos até, sistemas de inteligência poderão ser criados, que detectem patógenos, sejam vírus ou bactérias, no ambiente onde respiram as pessoas. Não sei quem vai criar esta tecnologia, mas certo como a chegada da Primavera, que ela virá.

Convívio Social e Familiar
A quarentena obrigatória é um uma espada de dois gumes. Se de um lado, torna compulsória a permanência em casa, e considerando que nem sempre os idosos convivam no mesmo ambiente, cria´se um sentimento de culpa e dependência, em relação à estes, trazendo a percepção de que não era notada sua ausência no cotidiano, por outro lado, o excessivo tempo de confinamento, em uma sociedade que não convivia mais por tantas horas, acelera o distanciamento, por imposição de estresse pelo aprisionamento social. Hábitos, antes cultivados já mais como reencontro familiar uma vez por semana, torna-se diário, e até uma boa sobremesa acaba se tornando enjoativa, quando comida em excesso. e um excesso imposto, por condições traumáticas.
Neste aspecto, o Design entra como agente criativo de inovação dos objetos, de acordo com as novas necessidades de ajuste dos espaços à mais pessoas em simultâneo por tempo de uso. Aceleram aqui os funcionais, práticos, e descartáveis. cada vez mais descartáveis, recicláveis, reutilizáveis, e com múltiplas funções e utilidades.

Recursos Naturais
Como desgraça pouca é bobagem, uma calamidade sempre deixa um vazio para que outra tome o seu lugar a seguir, parecido com as dez pragas do Egito. No momento em que começou a ordem das autoridades para o isolamento total, pensei cá com meus botões: "Ainda bem que não está faltando água!" Ah, pra que eu fui pensar nisso, pra que eu fui dar ideia pra desgraça? Imediatamente recebo a notícia que por conta da estiagem, vai faltar água. Pronto! Círculo completo. Mas não. Nada é completo quando se trata de cenário pessimista, que é colocado de balde, enquanto o otimismo é retirado com a ponta dos dedos. Assim, água é a base estrutural da pirâmide da vida, em todas as esferas: Animal, vegetal, e especialmente, humana. Água, até tem, mas torná-la potável, e transportá-la ao consumidor, é outro departamento. Assim já existem equipamentos com tecnologia capaz de retirar água do ar, por mais árido que seja, o caso de Israel, que tira água de pedra desde o tempo de Moisés. Hoje tira do Mar e do ar. Mas tudo são grandes estruturas, caras, de transporte dispendioso.
A tecnologia entra aqui, aliada ao Design, para criar dispositivos portáteis, acessíveis, que retirem água do ar, ou do mar, e a disponibilizem imediatamente, purificada, geladinha, e refrescante, ao usuário do equipamento, que pode ser levado ás costas, e recarregado com energia solar pelo tecido com que é confeccionada a mochila, do mesmo modo que os antigos levavam água no bucho de um cabrito, nesta leitura, o bucho será substituído pelo tal tecido inteligente, que não só armazena e purifica, como também refrigera. Tudo isso porque os chineses comem morcego ensopado, e o mundo paga a conta.

Eu poderia divagar aqui por páginas e páginas, mas convido o leitor a juntar-se à minha nessa elucubração tecnológica que pode tornar-se tão realidade quão realidade seja a ideia de trancar o mundo inteiro em casa, obedientemente..exceto os velhos, que são teimosos demais para acreditarem em catástrofes mundiais simultâneas.








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