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terça-feira, 17 de março de 2020

Gramado para ricos ou Gramado para pobres?



Ricos e pobres sempre existiram, desde que o mundo é mundo. O primeiro casal, era dono do mundo inteiro, e morava no melhor lugar.  Um Resort de 7 estrelas, com música de anjos ao vivo, e uma treinamento de imersão com O Próprio Criador. Tudo, tudo mesmo, era deles, exceto uma coisa. Eram fiéis depositários, mas não era deles. Pois essa mesma coisa, colocou ambos á prova,e ambos se provaram serem de má fé. Foi o primeiro despejo por denúncia vazia da história. Tiveram que juntar seus mijados, e com dois Oficias de Justiça fortemente armados, descobriram a serventia da porta da casa. Saíram de cabeça baixa, e devendo até a roupa do corpo. E ali dentro mesmo, andavam alimentando umas ideias meio veganas, tecendo tangas com folhas de figueira. Não que fossem ruins os modelitos, mas quem começa com figueira, pra passar pra maconha seria um passo curto. Aí, receberam coisa melhor. A mulher, recebeu um belíssimo casaco de pele de raposa, e o Homem, ganhou um traje completo de cowboy, com calças, jaqueta e botas de couro do melhor Bisão que  pastava ali por perto. Foi um tipo de indenização, embora tenham sido defenestrados por justa causa, abundou a misericórdia. E assim foi.

Do lado de fora, continuavam sendo donos do mundo, mas teriam que botar a mão na massa e plantarem, cuidarem, colherem, semearem, moerem, cozinharem, pagarem os boletos, irem às reuniões de pais, na escola, enfim, bem-vindos ao mundo. O mundo que nós vivemos. Trabalharam muito. Ele, na roça, na lavoura, no campo, rachando lenha, carpindo vários lotes. Ela, fazendo coisas que cabiam a ela fazer, que eu nem sei o que era, mas ela fazia bem feito, pois nunca houve reclamação. Pelo menos não foi encontrado nada pelos arqueólogos. Nem pelos teólogos.Logo veio a filharada, e todos foram pro cabo da enxada. E assim, ao longo da história, uns trabalharam mais, outros menos,. Um foram mais afortunados (neste perfil, chamaria de abençoados), outros se meteram em más companhias, e tomaram dinheiro com agiotas, que logo, logo, os depenaram, como se depena um galo caipira pra fazer um caldo. Então, o mundo foi dividido em duas classes: Os pobres, e os podres de ricos. Estas duas castas tornaram-se eternas. Ou estava-se de um lado, ou de outro. E se davam relativamente bem assim, até que certo dia, apareceu um daqueles políticos com boa lábia, e péssimas intenções, e teve uma ideia: Criou a Classe Média. Fantástico. Agora estava tudo certo. Só que não! Quem era a Classe Média? Vamos voltar um pouco a história.

Os podres de ricos, por serem podres de ricos, deixaram de trabalhar, e passaram a pagar os exageradamente pobres para que trabalhassem por eles. E assim, pouco a pouco, foram gastando suas fortunas com os pobres, para terem o que comer em casa. Logo, os exageradamente ricos, por serem assim, exageradamente ricos, continuavam desta forma, pois que falta faz uma moedinha para quem nasceu pra Tio patinhas? E pra que gastar a moedinha recebida, se o pobre era capaz de prover suas necessidades, trabalhando, e assim, as moedinhas iam pra poupança, que na época rendiam bem mais, até que, em determinado tempo, perceberam que tinham o suficiente para viverem bem,  e ainda contratarem para seu serviço, outros exageradamente pobres, para que cumprissem suas tarefas, de proverem mantimentos e serviços aos absurdamente ricos. Pagavam uma pequena parte, para mantê-los alimentados, de bandulho cheio, contentes, e com o excedente, enriqueciam também.

Mas estes novos ricos, que não chegavam a ser intensamente ricos, eram pessoas muito, mas muito
infelizes, angustiadas, preocupadas, porque conheciam a pobreza, mas já estavam experimentando a riqueza, os seus encantos e benefícios, e quando olhavam pra trás, nas suas lembranças, e para o lado, olhando o pobre de dentes pretos e podres, sorrindo contente e agradecido, percorria-lhes um pavor intenso, fazendo tremer os joelhos, e saírem correndo apavorados pela ideia de voltarem àquela situação. Então, quando o mundo baixava seu padrão, faziam uma revolução (já viram milionários desfilando em seus iates e berrando: Lula Livre, Fora Collor, Abaixo Bolsonaro?),entravam em pânico e colocam o mundo em pânico, pois a classe média é muito dependente de afeto, e não sabe fazer nada sem tocar trombeta, convocar passeatas pacíficas (as arruaças também, mas estas são feitas pelo submundo da classe média, aquela que já comeu caviar e voltou a comer angu).

Isto conhecido, faço lembrar o título: Gramado, a belíssima Gramado, é uma cidade para ricos ou para pobres? Que pergunta tonta essa, pois Gramado é uma cidade, um lugar, um município, um desejo de 5 entre 4 pessoas da classe média em visitar, passear pelas ruas, encher o bandulho de boa comida, e voltar pra casa, já sonhando em retornar. Gramado, de fato, inspira isso nas pessoas. Mas afinal, o que tem em Gramado que só os muito, muito ricos, podem usufruir, mas que sem que sem os pobres, este desejo nunca se realize? Voltemos ao início.

Desde que o mundo é mundo, e que descobriu-se a importância de bens de troca, seu equilíbrio se dá pelos ricos que compram bens e serviços dos pobres, mais serviços do que bens, e os revendem aos pobres, para que sobrevivam, para produzirem bens e serviços, para que continuem vendendo aos pobres, e enriquecendo ainda mais, enquanto os pobres empobrecem cada vez mais também. Ambos ganham, nessa lógica perversa. Gramado não faz diferente disso. Quase todos os serviços de vitrine são oferecidos a quem possa por eles pagar. Sua propriedade é que quem pôde, um dia, por eles também pagar, para revenderem com lucro. E os serviços que produzem, armazenam, cuidam e vendem estes produtos, são de quem é pobre. Então, Gramado simboliza com bastante propriedade o conceito de que são os ricos quem contratam os pobres, para que a classe média de vazão à economia. Assim, os pobres são necessários, os ricos são necessários, e a classe média é quem faz o encontro entre um e outro, quando oferece os serviços mais qualificados, e quando compõe as multidões que movimentam os eventos e a economia de Gramado.

Então, Gramado é um lugar para ricos, pobres e remediados. E ainda que se desenhe uma crise brutal
pelo mundo, Gramado continuará sendo diferente, e continuará sendo criativa, e a criatividade é o jeito inteligente que os pobres encontram para convencerem os ricos a investirem na classe média, para que a economia dance todas as milongas que o frio motiva. Leio então, que ricos e pobres são dependentes um do outro, e não será quebrada esta diferença, senão com a chegada do Messias, que espero que seja em breve.

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