Leio com atenção tudo o que se publica sobre Gramado, especialmente sobre o chão onde perambulei nas priscas eras à cata de frutas, como Gavirova (na época era Gabiroba mesmo), Goiaba do Mato, Cereja Preta, Araçá, Esporão de Galo, Pixirica (não confundir com outra coisa), além de jogar bola, e correr pelo lajeado que havia no alto da colina, a poucos passos da velha choupana onde passei meus tenros anos, ali pela Vila Moura. O ambiente era mais ou menos assim: Seguindo rumo ao Norte, pela Rua Borges de Medeiros (depois tornou-se Avenida), tínhamos à direita, o Artesanato Gramadense (veja imagem abaixo).
E leio, com preocupação, que neste lugar, estaria a Prefeitura, "soterrando um açude" junto à Expogramado. Vamos entender o lugar então.
Lembro que comentei, no Facebook, replicando um comentário de minha querida prima Margareth Moura, quando ela citou acerca de um poço, de onde seu pai, meu primo Izaías, canalizou água para as casas da vila. Lembro ainda que na pequenina rua, que existe até hoje, na casa de meu primo Elias, havia uma torre com um reservatório de água, do qual éramos servidos também, quando a casa de minha avó ficava ao lado do Artesanato Gramadense. Mas não posso dizer com certeza de que seria daquela pequena cacimba.
Voltando à casa dos Portulan, tenho a lembrança de ser contado que naquela casa vivera, por certo tempo, a minha avó, Maria Elisa, desde sua juventude, isso não sei dizer, pois ela e meu avô Assis Brasil, casaram-se no dia 5 de Setembro de 1940, e nesta casa, então nasceu minha mãe, Ester (a famosa "Prefeçôra Istela", como a chamavam). Logo depois, as terras que pertenciam à minha bisavó, Maria Francisca Dias, sendo lmítrofes com a terra de minha avó, e de minha tia Zezé (Maria José Moura), foram vendidas (a parte de minha avó e bisavó) ao Farmacêutico Benno Ruschel, e parece-me serem seus herdeiros, proprietários até hoje. (Veja o mapa abaixo)
O Mapa foi uma boa ação cometida pelo meu querido primo Evair Moura, que por eu ter falado bem dele aqui, me deve um churrasco*
É importante observar que no mapa, no sentido Oeste-Leste, que há dois córregos, provenientes de nascentes na área, e é aqui que penso revelar e desmistificar a tal "nascente a ser soterrada", que estas nascentes estavam, e continuam localizadas nas mesmas terras, porém a cerca de pelo menos quinhentos metros, ou mais, distantes da casa citada, e do lugar onde se encontra a Expogramado. Vale lembrar que logo acima, no sentido noroeste desta casa e da pequena cacimba, cerca de dez ou vinte metros de elevação, estava o imenso lajeado que chamávamos de "Campestre", com grama tão rala, que até bulita se jogava na laje de pedra aparente, onde o vilarejo transformou em um campinho de várzea para bater uma bolinha aos domingos, e durante a semana, era nosso imenso playground para correr, brincar, gritar, fazer alaúsa, o que tivesse vontade. Mas era uma lajeado mesmo, e ali não havia uma gota d'água sequer, e então, logo atrás, bem atrás, já descendo, havia o mato fechado, e bem lá dentro, quase impenetrável, algum potreiro dos Schenkel, e os banhados, hoje, lagos de Gramado.
Assim, vale dizer que, eu gosto da verdade, e embora tenha fugido de polêmicas, não acho justo apoiar a disseminação de algo que é fantasia, e sim, nunca houve nenhum açude no lugar citado pelos comentários, e uma depressão no solo, segundo apurei com o Prefeito, trata-se de um coletor de água da chuva, uma cisterna acéu aberto, e que na atual leitura de proliferação de insetos, um excelente berçário de mosquitos, talvez até mesmo, Aedes Aegypti, o Mosquito transmissor da Dengue.
Assim, por sobriedade dos fatos e do momento, acho que tudo o que Gramado não precisa agora é de uma praga de Dengue, tal como já está acontendo aqui em Florianópolis e região, que nos tem obrigado a fazer o que nunca fiz na vida, nem no tempo dos borrachudos ou dos Cúlex violinistas da noite, que é besuntar-me de repelente. Nesse momento, o melhor repelente da falácia é a verdade. E encerro transmitindo que o aterramento do açude, teve aprovação de laudo do Departamento Ambiental. E eu posso ter opinião, mas respeito uma autoridade constituída. Então, se pela minha lembrança vivida e ouvida, nunca vi açude lá, pela verificação oficial, continua não existindo.
E se o caso é procurar pelo em casca de ovo, não teria sido bem melhor ter feito isso durante o projeto do pavilhão da Expogramado? Caso houvesse a tal nascente, que excedesse o fornecimento de água para uma cacimba, não teria sido bem mais eficaz que fosse feita a alaúsa naquele tempo? Não havia oposição ao prefeito, que pudesse ter feito isso? Não havia Ministério Público, para embargar a obra, ou fazer modificar o projeto, para que não houvesse dano ambiental?
E as demais nascentes que já se tornaram concreto, o que é feito delas hoje? Tenho uma memória muito nojentinha, e se decidir fazer isso, talvez eu seja capaz, se amparado por mais dois velhotes contemporâneos, de lembrar de uma por uma das cacimbas existentes em Gramado nas priscas eras da minha infância e juventude. Mas claro, é a memória saudosa de um senhorzinho aposentado, a quem não se deve dar muita pelota. Pelo sim, pelo não, vale conferir com outros velhinhos aposentados, se batem as informações.
5 comentários:
Para respeitar quem já leu o artigo, acrescento aqui que, sem uma nascente, um espelho d'água, em lugar de benefício, pode ser um proliferador de mosquitos, além da água parad em putrefação, causando mau cheiro, proliferando bactérias, e provocando doenças.
Sendo esta a condição em que foi interditada, acho bastante plausível que tal atitude tivesse sido tomada.
Pacard
Saudações Paulo, comento que tenho observado as águas desse lago de uns anos para cá e em nenhuma época por mais seca que fosse vi suas águas baixarem, o que indica que ele não era abastecido só pela água das chuvas como tu mencionou. Tem sim vertentes que abastecem ele. Abraço.
Buenas meu velho amigo Cláudio.
Bem! Eu ative-me às minhas memórias, corroboradas pela marcação de três ( eu havia dito que eram duas, mas depois vi a terceira) córregos, originados de suas prováveis nascentes, em um lugar bem distante daquele mencionado.
Mencionei tambem que sim, havia uma pequena cacimba pr9cima da casa. E mencionei que, pelas informações oficiais que recebi, era um escoadouro de águas da chuva. Porém, o que posso afirmar na base do achismo, é se havia ou não uma vertente.
Naturalmente pode ser empregado o rigor científico, chamado um especialista ( hidrogeólogo) que poderá determinar a existência, ou não, de um manancial escondido, ainda que tenha sido soterrado. Aí cabe a quem de interesse, fazê-lo.
um abraço!
Próxima, e não procima.
Erro de digitação*
Veja só, longe de mim falar do que não sei, e como não sou geólogo, não posso afirmar nada com certeza científica, mas minha lógica me diz que um olho d'água para uma cacimba, não é um tubo debaixo da terra (até existem, mas não é o mais comum), e sim um lençol freático, isto é, uma camada de água espalhada que se estende por rochas, se infiltra em solo arenoso ou não, mas que onde se acha uma vertente, à sua volta também irá enconmtrar água. Assim, aina que eu seja contra a ideia de enterrar um espelho d'água, sei que a água que ali brotava, não vai desaparecer, e sim, procurar outros caminhos para fluir, seja por gravidade ou pressão (esta, a grandes profundidades apenas).
Assim, penso que este incômodo tem muito mais um viés político do que técnico. Trata-se apenas de divergência de opiniões sobre a parmanência ou não da tal cisterna. Nada além disso.
Eu perguntaria o seguinte:
1 - Por que haveria necessidade de sepultar a bacia?
2 - Qual parte do bioma seria afetado por isso?
Vou lembrar aqui que após o incêndio de uma fábrica bem no centro de Gramado, o vazio de uma depressão natural do terreno, fez brotar um manancial, que, em pouco tenpo, cresciam nele Taboas, e alguém teve a espetacular ideia de colocar uns marrecões selvagens, que faziam a alegria dos compradores do supermercado, cujo estacionamento era lindeiro ao tal charco. Bem, um certo dia, aquilo tudo desapareceu, e ali foi construído um centro comercial, condomínio, ou sei lá o que mais. E aí? Alguém fez campanha para não secar o laqguinho? Não fez! A única campanha que lembro, bem antes disso, chamava-se: "Shopping não combina com Gramado". E deu certo. Mas nem se falava em proteção de biomas. Apenas de uma visão poética do que deveria ser a cidade... Que também morreu na casca, porque Gramado hoje é muito diferente da Gramado de então, sem nem chegar à outra Gramado de priscas eras, da qual tanto falo.
É por isso que eu sigo esta linha: Mais Gramado e menos politicagem!
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