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segunda-feira, 21 de novembro de 2016

A nova oposição



Quando um rei morre, em países onde a monarquia é o regime de governo, o sucessor do rei come à mesa do próprio soberano todos os dias, porque é alguém de sua própria família, geralmente o filho mais velho, o que também não é uma regra, será o próximo rei. O povo sabe que seja quem for o rei que use a cora e assente-se no trono, o povo continuará sendo o povo e o rei, seja ele quem for, continuará a ser o rei. Então, cunhou-se a frase: "O rei (antigo) está morto! Viva o (novo) rei!

Nenhum rio de águas límpidas e calmas é por inteiro cristalino. A terra, detritos, poeira, tudo se decanta no fundo, enquanto as águas permanecerem calmas. Assim é também um movimento político. Dizia Eric Hofer, Pensador norte-americano do Séc. XX, que quem faz uma revolução é a Classe Média. Quando esta classe sente dor de barriga, faz logo uma revolução, porque os miseravelmente pobres não tem tempo sonhar sonhos. Sobreviver é sua verdade presente, e o que passar disso é luxo, ou assunto proibido.Assim, como as águas límpidas do rio, se movimentadas, tornam-se barrentas em poucos instantes, também qualquer tipo de oposição pode perturbar o sossego do momento, e turvar possibilidades de benefícios com o novo poder, em permanecendo límpidas e silenciosas. Assim me parece a atual oposição em Gramado. Quieta, soturna, sorrateira, silenciosa, temerosa, e assustada.

Parece implicância, continuar falando em pós eleição, quando deveria estar falando em nova administração, ou movimentos oposicionistas. Mas a verdade é que nem uma, nem outra, até agora, mostraram cara. Uns, pelo mistério da dificuldade de composição de seu elenco governante. Outra, assustada e temerosa, mas também expectante, haja vista a possibilidade (pouco provável) que muitos nomes possam ser aproveitados no novo governo. Silenciosamente, sorrateiramente, uns e outros se articulam, seja pelos encontros fortuitos e discretos, seja pelo silêncio cortês que visa demonstrar respeito aos vencedores.

Lembro de uma historia que ouvi contar certa ocasião, por um português-angolano, a respeito de algumas espécies de macacos quando se enfrentam em luta por disputa de território ou fêmeas. Um pitoresco faz perceber quem é o dominador, e quem é o dominado, pois os que perderam a luta, viram-se de costas para os vencedores, e num gesto de plena e total submissão, oferecem o traseiro aos vencedores, que cheiram, e vão embora, satisfeitos com o gesto. Ainda bem então que não somos descendentes de macacos, pois se assim o fosse, teríamos situações deveras constrangedoras no mundo político.

Temos então uma nova oposição muito tímida por enquanto, o que causa estranheza, pois para que esta timidez faça sentido, principalmente no período, onde as dores da derrota, ainda deveriam ser lancinantes, esta oposição não faça nenhum tipo de manifestação que demonstre seu  descontentamento, em defesa das ideias que ha bem pouco tempo atrás defendia com unhas e dentes, de forma apaixonada e com uma voracidade que lembrava o despertar de uma revolução. Não  era. Parece ter sido apenas gases. Nada mais.

Temos aqui duas correntes opositoras, que agora parece que se dissipam pela timidez. A primeira, o povo, em geral, que foi aquecido no calor da campanha, e que terminada a festa, recolheu-se aos seus compromissos do dia a dia, porque governe que governe, as contas precisam ser pagas.

De outro lado, aquela oposição ferrenha, feroz, apaixonada, dos que temiam pelos seus empregos, calou-se subitamente, o que faz parte da prudência. Até mesmo porque, conforme já mencionei aqui mesmo em outro comentário, corre o risco de ser convidada a continuar suas atividades (bem remuneradas )dentro do novo governo. Então, sendo assim, "O  rei está morto! viva o rei!". E até que tudo seja acomodado, ou melhor, que todos sejam acomodados ( é uma esperança que resta), silêncio é ouro. Até mesmo para a nova oposição. Mesmo que pífia e oculta.



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