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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

O Desafio humano de Fedoca - Reforma administrativa



Quando era menino, excetuando as férias de verão, um dos períodos mais animados do ano, era o início das aulas. Era um misto de expectativa boa e ao mesmo tempo ruim, pelo início das aulas. A expectativa boa era imaginar como seriam os novos professores, colegas, estudos. Era ainda o cheirinho de plástico novo, aquele que encapava livros e cadernos. Também os apetrechos novos para enfrentar os rigores do inverno, como capa de chuva, guarda-chuva, boné, lanterna (para quem estudava à noite), os livros novos, os cadernos, lápis de cor, a caneta-tinteiro, tudo cheirava a novo.

Outra expectativa eram os professores: seriam bonzinhos, ou carrascos? A professora de ciências seria tão querida quanto à do ano anterior? E as aulas de português, seriam animadas, com muita literatura, ou chatas, com aquela verborreia gramatical, análise sintática, e  recitação de verbos?
O melhor e o pior era a expectativa quanto aos colegas. Seriam os mesmos do ano anterior? Aqueles meninos malvados continuariam na turma? Aquelas meninas empavonadas continuariam sentando lá na frente para puxar o saco didático dos mestres? Os amigos legais continuariam a sentar-se próximos para se protegerem das meninas arrogantes e dos malvadinhos da sala? Aquele abobado, metido a saber de tudo e se meter em tudo, continuaria na turma?  A merendeira, seria ainda a querida Dona Ermelinda? A Dona Hilda?

Começar o ano era um desafio, um êxtase, um luminar de vida e continuidade. Uma oportunidade para testar a maturidade. Tempo bom. O novo sempre tem tudo isso: dois lados , um bom, um ruim, e um terceiro obscuro.


Para escrever meus ensaios, faço pesquisas. Converso com pessoas, leio notícias recentes e antigas, e com estas informações e até mesmo opiniões, reestruturo minhas reflexões. O foco nesse momento continua sendo o novo governo em Gramado, até porque para falar mal do Temer e do Trump, além de execrar o Lula e o PT, já tem uns 200 milhões de pessoas. Não  faço nenhuma diferença. Vou escrever então para quem vá ler o que escrevo, e constato, com alegria e responsabilidade dobrada, que sou lido por muita gente. Lido e respeitado, o que me deixa feliz e expectante, como quando era pequeno e iniciava o ano letivo, com livros novos e uma capa de chuva estalando de nova também.

E em minhas pesquisas, leio um artigo publicado pela Rádio Gramado FM, a partir de uma reunião havida entre Fedoca e Evandro, então  candidatos, falando sobre os novos métodos de sua administração, no tocante aos servidores públicos, sejam eles concursados ou não. Aliás, temos uma péssima cultura de tratar com pesos diferentes um concursado e um comissionado, como se um fosse divino e outro satânico. Não são. Nem um caso e nem outro. A função exercida, se votada pelo Legislativo, e decretada pelo Prefeito, torna-se justa e Legal. Um e outro tem problemas e virtudes. Então penso que deveríamos dar um ponto final nessa questão. E qualquer um deles que agir fora de seu limite de civilidade e ética, que seja punido dentro dos rigores da Lei. E pelo bom cumprimento de suas funções, que seja louvado com os benefícios da Lei. A Lei e a capacidade apenas.

O texto diz assim:

"Na sua saudação, Fedoca disse que o Plano de Governo da Oposição é fruto de inúmeras consultas junto à comunidade e reflete o que querem e como irão dirigir os trabalhos, de uma maneira coletiva. “Nos apresentamos como Oposição exatamente por não concordarmos com os métodos de administração empregados até o momento”, destacou Fedoca."
http://gramadofm.com.br/gramadofm/fedoca-e-evandro-apresentam-plano-de-governo-para-servidores-municipais/

Pois bem. Já apresentei aqui as dificuldades iniciais da formatação dos quadros destes servidores, até porque não é apenas nos cargos comissionados que a dança das cadeiras acontece. Também entre os concursados, que, com exceções específicas, se encontram à disposição do humor e olhar crítico do novo Prefeito, que poderá tanto trazer novos assessores retirados do meio político e politiqueiro também (em geral os politiqueiros são bons "X-9", dedo-duros, e necessários para o olhar atento do Prefeito nas Secretarias para conferir com os relatórios oficiais), como promover em comissão os próprios servidores concursados. Isso deve, no entanto, ser uma exceção, pois um servidor concursado, em geral, está mais preparado para a transição e a continuidade do emprego das metodologias e rotinas administrativas, sem as quais, a Prefeitura quebra em poucos dias.


Uma política com sabedoria então, mesclaria um percentual destes servidores, pactuando com eles que sejam os "X-9") que mencionei, simplesmente porque seus empregos  não  dependeriam de bajulação, mas de seriedade. Isso seria, de um lado, uma forma legal (dentro da lei) de assegurar o bom cumprimento de tarefas pelos comissionados, mas por outro lado poderia estabelecer uma certa tirania por parte dos concursados sobre os pobres comissionados, que vestiram a camisa, fizeram "bandeiraços", brigaram com os vizinhos, tiraram "selfies" e lotaram seus perfis, para ampliarem suas chances de pagarem as contas nos próximos quatro anos, pois temos que combinar que o salário pago pela Prefeitura de Gramado, bate inveja em muito servidor de estados pobres neste país.


O que Fedoca não disse é  como pretende remodelar a gestão funcional. Que carta na manga ele tem, e que o tenha eu não ponho em dúvida, mas a única certeza que possuo é que será de todo "a priori", isto é, intuitiva, por modelo teórico, considerando que esse tipo de relação com grupos de colaboradores diz respeito a quem já está embrenhado na prática de mexer com o Ser Humano no dia a dia. E isso definitivamente Fedoca não está. É um Profissional Liberal, bem sucedido nos negócios, mas até onde tenho conhecimento, seus negócios são ligados ao setor imobiliário e independem de estrutura humana volumosa para geri-los. E caso eu esteja errando pouco, Fedoca irá necessitar de um Secretário de Administração que tenha efetiva competência para gerenciar esta promessa de campanha, que me parece justa, humanizar, dinamizar, potencializar, otimizar o fluxo ativo do patrimônio intelectual do Poder Público. Insisto em dizer que o grande patrimônio de uma administração não são as máquinas, as edificações, ou as ruas asfaltadas. O grande patrimônio que o gestor público tem a oferecer à comunidade são os serviços prestados por uma equipe entusiasmada, feliz, humanizada e honesta.


Então, sob este prisma, e insistindo que Fedoca está com dificuldade de formar sua nova equipe, pelas razões que expliquei no ensaio anterior (veja em: O Trilema de Fedoca, dia 14/11/2016), tenho duas coisas a imaginar: ou Fedoca está escolhendo a pente fino sua nova equipe, ou está disposto mesmo a fazer uma revolução no aspecto humano e administrativo, e está debruçado em listas de servidores e suas competências para remanejá-los entre si, até que seus apoiadores políticos ofereçam vítimas para satisfazer o apetite da nova oposição, que não  vai poupar ninguém de sacrifícios. Seu novo algoz chama-se Ubiratã, que ao que tudo indica, deverá ser o Presidente da Câmara, cuja oposição será maioria. A prudência diz que com Ubiratã, Fedoca não deva mandar recados, mas tratar olho a olho, conversas que poderão ser regadas a cafezinho formal, chimarrão, amistoso, ou papel e caneta, na fria letra da Lei.





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