AD SENSE

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Justiça ou ira?


Muitos podem imaginar que escrevo o que escrevo para patrulhar a política e os políticos. Não faço isso. Não sirvo para tutor moral de ninguém. nem de mim mesmo. Fosse assim, não precisaria ler a Bíblia, Ética do Sinai, ouvir conselhos, observar as pessoas, ou olhar pra mim mesmo, vasculhando pontos por corrigir em minha conduta ou modo de pensar todos os dias. Então minhas reflexões continuam sendo minhas reflexões apenas, e se quem as lê puder se identificar com alguma delas, que as leia novamente e reflita nelas, porque eu também posso estar errado.

Em minhas reflexões, é inegável que as más ou boas  notícias que recebemos todos os dias, no tocante às ações da justiça que a mídia nos serve todas as manhãs, pelos noticiários, nos remetem a pensar que finalmente a justiça brilha neste país, e que após esta catarse que está resultando no expurgo dos corruptos menos cautelosos, antes crédulos de sua blindagem através do poder, e que um a um caem, em todas as instâncias e esferas, oferecendo a esperança de que, logo a seguir, teremos um novo paraíso na Terra, que em breve retomaremos o crescimento, e novos governantes purificados promoverão o bem estar, a felicidade, e a justiça social, por meio de promessas que se cumprirão, e que finalmente o povo estará no lugar a que tem direito: no poder.

Fico preocupado, pois embora deseje o expurgo do que é sujo na política, na religião, na sociedade, mas principalmente dentro da minha própria vida,que também tem telhado de vidro, e também está sujeita ao vento das oportunidades, ao mesmo tempo em que percebo que a justiça não é mais justiça; A elegante senhora de vendas nos olhos trocou de posição com outra senhora, menos elegante, que também esconde o rosto, mas que carrega na mão direita um alfange. Ora, na simbologia filosófica, a mão direita simboliza a justiça. Nesse caso, a mão é a mesma, mas os efeitos mudam de autoria. Onde antes presumia-se a recuperação do condenado pelo isolamento social e privação da liberdade, hoje só a extinção do culpado sacia o frêmito que traveste a morte com aura de justiça, e esta justiça, com o nome de decência, e esta decência com o nome de liberdade.


Vejo as cenas de um ex-governador preso, debatendo-se como um animal perseguido e encurralado, e leio os comentários que se seguem às publicações nas redes sociais, e fico estarrecido com o êxtase quase sanguinário das multidões que não se contentam apenas com sua prisão e expropriação de bens, numa eventual condenação, mas que desejam sua humilhação completa, assim como desejam a completa humilhação de qualquer um de nós que tenha sido vítima da cobiça, ou agente de injustiças, as mesmas que cometemos quando  desejamos que a justiça, a quem clamamos, se exceda e se torna ela própria injustiça, da qual fugimos.

Não entendam que apoio o erro e a corrupção, muito menos os corruptos. Não apoio e não coaduno com desmandos. Apoio que a justiça seja feita, e que se sou temente à D's, como penso que sou, ou busco ser, acredito que o próprio Altíssimo (Bendito Seja) diz com claras letras que não  deseja a morte do ímpio, antes move céus e terra para que ele se arrependa e se converta, e retorne ao caminho que é direito. Só que quando falo do ímpio, estou achando que é do vizinho que eu falo. às vezes não é.

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