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segunda-feira, 14 de novembro de 2016

O pássaro e a Serpente




 
"Somos como passarinhos diante da serpente, gritando, pulando, mas sempre em direção ao fim. A serpente não se move. Apena observa. Fixa o olhar e torporiza os sentidos da pobre vítima. Não tem nem garras como os felinos. Não tem pernas ou patas para correr atrás. Tem apenas o olhar e o tempo. São as vítimas quem correm para a morte espontaneamente. Somos nós que corremos para os braços dos políticos e somos nós quem nos deixamos acariciar pela sua cantilena envolvente. Podemos voar e ser livres, mas não temos a vontade e a iniciativa necessária para fazê-lo no tempo devido.
 
Não precisamos deles. Não dependemos deles. São eles quem dependem de nós. São eles quem precisam nos buscar para que os mantenhamos na arena, e, no entanto entregamos nossos votos de forma tão barata, tão fácil, porque acreditamos que um voto não fará nenhuma diferença entre tantos mais.
 
Acreditamos que é apenas um voto e daqui a dois anos teremos outro, e outro. É de graça. Não temos que pagar por ele. Será? Quanto então, pagamos de impostos, porque entregamos de graça nosso voto? Ou pior que isso: porque vendemos esse voto por tão pouco, trocamos pela nossa cobiça, enquanto deveríamos tê-lo colocado na caixa de todos, para servir a todos, e nós entre todos?"
Estado de Alerta, Amazon.com, 2014, Paulo Cardoso
 
Não pensem que sou incoerente, se em meu livro, escrito no auge do petismo deslavado e durante a campanha da "presidenta", falo mal de políticos, e ao mesmo tempo proponho uma nova política. Não sou, pois não coloco na mesma cesta os bons e os maus políticos, embora seja muito difícil discernir um do outro. Não demonizo a política, assim como não endeuso o absenteísmo. O que busco é encontrar um ponto de equilíbrio entre um e outro. O equilíbrio está em algum lugar entre a mesa de refeições de uma família e a tribuna, pois o mesmo que ocupa a tribuna, também leva seus filhos à escola, e busca o pão para oferecer dignidade à sua família. O equilíbrio está na dignidade de doar-se pela sua comunidade, pelo seu Estado, pelo seu País, pela sua corporação, pelo seu emprego, pelo seu trabalho, pela sua crença. Política não diz respeito apenas aos palanques ou às repartições, mas ao modo de olhar nos olhos do seu vizinho. Ao modo de tratar com seu oponente.
 
O que discuto é a relação incestuosa que a má política tem com o poder, e este com ela. A má política gera o poder, que se engalfinha nos seios desta como um amante desesperado em inescrupulosa orgia.
 
O mundo está em convulsão política,  clamando por serenidade. Só que a quem deve ser honrado o manto desta serenidade senão aos que detém o poder e fazem a política? Queremos continuar desta forma? É a política nosso berço ou nossa lápide? Que política desejamos então?
 
 Pense. Pensar ainda é livre. Afinal amanhã é 15 de Novembro. Deveria significar muito para a política brasileira esta data. Afinal, ainda somos uma República.

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