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quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Quemcoçô? Oncotô? Proncovô?



Quemcoçô? Oncotô? Proncovô?

Estes três estranhos vocábulos mineiros definem nossa busca pelo sentido da vida. Quem eu sou? Onde estou? para onde vou?
Bem antes de Minas existir, um antigo sábio, Hilel, já dizia: "Se eu não for por mim, quem será por mim? Se eu for só por mim, quem sou eu? Se não agora, quando?"
Sem querer ser mais chato que pensam que sou, ainda vou mexer mais um pouquinho no assunto "eleições". Até porque estamos naquele limbo existencial onde as feridas já foram lambidas, os egos acariciados, mas o trabalho ainda não começou de direito. Só de fato, pelas beiradas, nas equipes transitórias, que perambulam pelos gabinetes fazendo reconhecimento e saboreando o gostinho das últimas lambidas no panelão da vitória recente. De um lado, os que vão, aquele gosto de jiló. Os que chegam, o cheiro das uvas que estão perfumadas, mas ainda não estão doces para serem saboreadas. É assim que é.

Mas quero voltar à dois tipos de campanha, isto é, dois tipos de promessas feita, que, embora de lados opostos, garantiam a mesma substância de modo geral: "Mudanças". De um lado, a UPG (estou falando de Gramado), prometia mudanças bastante radicais na estrutura de Gramado. prometia descentralizar os serviços públicos, desafogar as ruas do centro, pulverizar as atividades pelos bairros, oferecendo com isso também as mesmas vantagens (e desvantagens) que possuem aqueles que usufruem dos espaços centrais da cidade.

De outro lado, a oposição oferecia a mesma coisa: "Mudanças". Não exatamente na estrutura da cidade, mas no modo de governar, e implantando sua visão de "certo ou errado" no trato com a coisa pública. cada um com seu estilo, e por cinco dúzias de votos a mais, ganhou o privilégio de propor e impor seu estilo de administração. Está bem então. É assim que funciona a democracia. Lógico que junto com esta apertada vitória, zera a conta e tanto faz se tenha sido por um voto ou dez mil, a diferença, vitória é vitória, e não se discute mais isso.

Mas há algo muito importante que ouvi durante a campanha, e que considero de fundamental importância para o que poderá ser feito em Gramado a partir de agora: Pensar Gramado para os próximos dez anos ou mais. Em meu livro, "Tendências e Empreendedorismo - Gramado como modelo", faço um balanço do histórico que construiu Gramado desde sua fundação, passando pelos diversos ciclos comerciais, e com base neste viés, estabeleço um vetor que aponta para possíveis caminhos de uma Gramado nos próximos dez anos, desconsiderando as variáveis, evidentemente.

Por que bato nesta tecla de pensar Gramado daqui pra frente, se está dando certo o que vem sendo feito até aqui, com necessidade de pequenos ajustes apenas, numa visão imediata? Porque Gramado chegou no seu apogeu mais uma vez. De tempos em tempos, este apogeu é baseado no sucesso de determinados eventos, ou de uma economia avantajada, se comparada com a média nacional, principalmente em tempos de crise.

Para este "pensar Gramado", uso como mote de introdução, uma história que presenciei certa ocasião, quando acompanhei o então Senador, Paulo Brossard de Souza Pinto, em um comício no interior de Três Coroas, lá por 1982. Nesta época, o vale do Paranhana estava no seu apogeu do  calçado, e sua visão empresarial rumava nesta direção. Mas, desinformado e caudilho que era, Brossard resolveu criticar a "morosidade política" da Prefeitura, e evocou os tempos da "pujança econômica da criação de suínos de Três Coroas". Perderam a eleição.

Ouvi candidatos em Gramado lamentando a evasão das indústrias manufatureiras de Gramado, e consequente crescimento de desemprego em consequência disso, e que se eleitos, resgatariam a "pujança econômica da movelaria" que Gramado já fruiu. Ora. Além de ser uma bravata, é de total irresponsabilidade prometer o que não será capaz de cumprir, por algumas razões muito simples. A primeira razão é que a economia mundial há muito tempo foi  redirecionada, e a indústria moveleira fez parte deste processo. O Mercado moveleiro no Brasil, há muito tempo foi modificado. E o mercado moveleiro de Gramado também passou por este processo, embora por  razões diferentes, uma vez que a tecnologia que modificou a indústria da movelaria nacional tenha se qualificado para a automatização e desmontabilidade dos processos e produtos,  o que aconteceu em Gramado não foi a perda de mercado, até porque o volume de vendas para fora do eixo Gramado-Porto Alegre, é completamente pífio. O problema de Gramado está na carência de mão de obra especializada para o tipo de movelaria que Gramado oferece, de alta qualidade, personalizada, e com design arrojado. Não encontra mais interesse dos jovens em aprenderam uma profissão que exige deles que "paleteiem madeira" às sete horas de uma manhã a zero grau, num ambiente insalubre, e com ronco de máquinas nos ouvidos o dia inteiro.

Gramado cresceu. Não apenas no tamanho, mas na maturidade profissional. Os jovens são bem informados. Instruídos, ambiciosos. Aquele espírito pioneiro onde a família era representada pelos pais à ponta da mesa, e os filhos cantarolando alegres canções de saudade da mãe Itália ou Alemanha, ficou apenas no folclore mostrado aos turistas pelos museus espalhados pelo município. Folclore para turista fazer "selfie". nada mais. Os jovens querem tecnologia, hotelaria, turismo, intelectualidade. Querem muitas coisas. Menos política. Aí a coisa pega.

Gramado foi dividida ao meio na escolha dos governantes. Mas não foi dividida ao meio no tocante ao que deseja deles: Mudanças! Gramado quer um novo desenho de sua estrutura social, econômica, empresarial, mas também política. E não se jactem os  vencedores, nem se encolham os vencidos, porque esta mudança desejada, Gramado não a quer de forma radical. Metade quer ao modo tradicional, mas contente-se esta metade, que não foi convincente com os sessenta e dois que foram o fiel da balança, para que os vencedores não subam mais degraus que suas pernas possam suportar em um único passo. Mudança e cautela. Nem mudança demais, nem cautela demais. Equilíbrio. Mas equilíbrio com sabedoria. Com criatividade.

Resta saber se quem entra é criativo, produtivo, vingativo, ou sábio. Gramado espera que pelo menos seja justo, porque Perfeito só D's.

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