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quinta-feira, 30 de março de 2017

A Imaturidade Política de Gramado



Aos que acreditam que apenas se deva tecer críticas de quem está no governo, aconselho que revise seus conceitos, porque o escritor não bajula este ou aquele por preferência da cor dos olhos ou do largo sorriso, nem tampouco anela compromissos com grupos ou dissensões, sejam estas pró ou contra este ou aquele partido, político ou agremiação.

O livre pensador tem agendamento diário com a reflexão sobre o comportamento humano e social,  tendo a politica como meio, daqueles que usam o cargo ou a função como um fim. Livre pensador é aquele que sobeja as palavras como um malabarista manipula habilmente seus malabares, percorrendo o olhar aqui e ali, como tirocínio pertinente à percepção de detalhes que são despercebidos pela multidão, até porque a própria multidão é o panorama destas observações.

O panorama que venho apaixonadamente aquarelando em minhas reminiscências e palavras é pela ebulição do rescaldo político que se desnudou na segunda cidade mais desejada do país, e se forem verdadeiros os alardes vocacionados, a quarta preferência mundial na lista dos desejos de visitá-la, que é Gramado.

Neste panorama, o cenário que me instiga a desenhar, é o cenário político de Gramado. Para tanto, vamos voltar um pouquinho ao passado,não muito remoto, onde o bipartidarismo criado pelo regime militar, denominado ARENA, que representava o governo, e do outro, o MDB, uma corrente que reuniu todas as vozes de oposição, modelo muito distante de formatação e formatação ideológica, mas uma aglutinação necessária pela convicção dos ideólogos da dita revolução.

Este bipartidarismo acabou com a abertura, e de um dia para outro, cerca de três dúzias de partidos foram criados, com as  mais diversas ideologias, mas que no fundo, nada mais representavam do que interesses em acréscimo de tempo de rádio e televisão durante o horário gratuito, ou cargos, comissões de seus correligionários, e que, em lugar de fortalecer a democracia, trunca ainda mais a possibilidade dos governantes de exercerem seus mandatos com liberdade, pois além daquilo que prometeram em campanha, precisam acomodar aquilo que seus coligados negociaram à meia luz do apagar das luzes.

Pois bem. O pluripartidarismo de fantasia também vigorou em Gramado, e apenas quatro partidos lograram êxito nesta trajetória, até hoje fortes e ativos, que são o PSDB, PP, PMDB e com menos força, em vias de extinção, o PT.Isso não significa que sejam únicos, pois cada coligação do último pleito contou com um exército quase fiel de dez partidos em média cada lado. Porém, se você perguntar aos líderes de cada coligação se ele é capaz de mencionar todos os dez sem contar nos dedos, terá que desmarcar seus compromissos, pois vai demorar.

Gramado é uma joia incrustada na serra gaúcha, com tantas virtudes, que fica difícil acreditar que maturidade política não seja uma destas virtudes.

A maturidade política pode ser medida pelo engajamento de seus militantes no processo de valorização de seus partidos e partidários, seja dentro ou fora do governo.

Mas,infelizmente, maturidade política é tudo o que Gramado, definitivamente não tem. Mas como podemos definir esta maturidade, uma vez que seja um termo subjetivo?

O termo pode ser subjetivo, mas os efeitos são muito objetivos e palpáveis. A falta de tato político dos novos governantes, expondo suas viscerais fraquezas, só não desaba porque bate de frente com a mesma inexperiência advinda da sua indefinida oposição, que mais parece estar em um filme de "Pastelão da Sessão da Tarde" (quem tem mais de cinquenta anos sabe do que estou falando, aqueles filmes movimentados à guisa de paneladas, tortas na cara, gente correndo atrapalhada por corredores, abrindo e fechando portas em sequência, e não chegando a lugar nenhum).

Senão vejamos: Do lado da Prefeitura, a falta de decisão sobre escolher um nome, um único e bom nome, de um cidadão ou cidadã gramadense, que possa representar Gramado dentro e fora dela, nas questões relativas ao turismo. Há dois listados pela fileira de probabilidades pela imprensa , e sou inclinado a pensar que por uma questão política, seja Celso Fioreze o escolhido,não sem constatar que Iara Sartori também ofereça competência para o cargo. Mas isso sai da caneta do Prefeito e não do palpite de blogueiro. Foi só uma divagação aqui.
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Nem vou gastar meu tecladinho para falar de detalhes menores, como a criticada decoração de Páscoa, até porque fica tão pequeno isso, parecendo uma cortina de fumaça, que chega a passar pela mente que tenha sido mesmo feito assim para desviar a atenção dos gravíssimos problemas por que atravessam a saúde dos cidadãos no único hospital da cidade.

Por falar em hospital e saúde, se é uma questão de falta de verba, acho que opinar sobre uma troca,não faria mal nenhum, talvez a terceirização de um bem do rico patrimônio municipal para realocar os recursos à Saúde, à Educação, à Segurança, que começam a se fragilizar.

Mas voltando aos políticos, sim. A coisa vai mal. A oposição resolve mostrar que é oposição e desata a despachar petições e solicitações atrás de solicitações. O governo se atrapalha cada vez mais e não sabe como lidar com o inusitado, pois se o PMDB governou por certo período, hoje não governa mais. O PDT nunca governou, e agora que tem o cetro e a coroa, não sabe o que fazer com o trono. E o eleitor, entra em desespero, porque sabe que uma oposição bem fundamentada, consolidada, é o fiel da balança para que sua vigilância eficiente e eficaz permita e motive o Governo a fazer aquilo que se propôs e principalmente aquilo que a a cidade necessita.

A insegurança política do Governo e da Oposição fazem mal ao povo. E o povo inseguro, para de crescer.Para de investir, para de empreender. Para de arrumar a casa. para de frequentar as ruas. 

E a cidade adormece no marasmo causado pelo embaraço dos embates vazios entre oposição acéfala e governo bicéfalo.





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