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quarta-feira, 3 de maio de 2017

Artesanato, Tecnologia, Saúde - O labirinto de Fedoca


Mural de Elisabeth Rosenfeld, simbolizando o Artesanato Gramadense
Cada um dos temas do título desse ensaio, deve render muitos e muitos outros ensaios, porque, se de um lado, eu tomo um fôlego para trabalhar com substância aquilo que levanto por aqui, por outro lado, devo lembrar que há um tempo e um hiato entre um tema e outro, para que o tema torne-se de fato relevante.

Em resumo. Volto a cobrar postura do Prefeito Fedoca a respeito destes assuntos, que tem percorrido os leitores ao longo dos últimos tempos: Saúde (sempre), Polo de Tecnologia, e ressurge o Artesanato. Vamos aos casos.

Saúde
Os problemas acontecem mais velozes que a capacidade de dar solução à eles. E daí? Gestor não tem que reclamar. Tem que agir. Tem que dar solução. Tem que dar a certeza que o cidadão receberá medicamentos e atenção médica, no momento da dor. Câmbio e desligo!

A Secretaria da Saúde é o Calcanhar de Aquiles de Fedoca.  Passa a impressão que tem autonomia para cometer suas próprias trapalhadas e tomar suas decisões sem prestar contas à ética cidadã. Quando o Gestor do hospital sob auspícios do Poder Público, decide criar sua própria estrutura de gestão e publicidade, vende a impressão (provavelmente muito bem intencionada, mas mal explicada) que faz do cargo um trampolim para uma carreia mais ambiciosa.

Chego a pensar com isso que Gramado aderiu à moda nacional, onde Congresso, a  Presidência da República e seus Ministérios, e o Judiciário, estejam servindo de modelo à formação de setores independentes na administração municipal, e que assim deixe rolar, contanto que faça seu trabalho, pois se tem uma coisa que o Prefeito não tem tempo no momento é para banhos de ego de seus gestores.  E a bola da vez é a falta de medicamentos, segundo reclamam nas redes sociais. E sobre isso, creio não haver mais como deixar na conta dos antecessores, uma vez que  cento e vinte dias de governo sejam suficientes para promover os ajustes administrativos, licitações e aparo de arestas daquilo que entendiam como errado no modo de operações administrativas que encontraram.

Artesanato
Esse tema eu conheço bem de perto, pois é sério, eu tenho carteira de Artesão, com oito especialidades na caderneta, e pude acompanhar de perto as demandas do setor. E posso dizer que nem antes, nem antes de antes, e nem agora, o artesão de Gramado é visto com o respeito que merece. Pois agora, meus caros, cutucaram onça com vara curta, porque justamente na semana que homenageia a mulher que deu a virada de página em Gramado, direta e indiretamente, leio dos artesãos que, sendo relegados á condição de pobres coitados, dividem-se em meia dúzia de associações que foram criadas para que recebessem alguns incentivos legais na organização de seus interesses, e venda de seus produtos.

Deixe-me clarear sobre a situação do artesão gramadense. Trata-se de pessoas qualificadas pelas suas habilidades, que fazem de seus parcos trabalhos, o meio de sustento de suas famílias. São vistos pelo Poder Público ao longo dos últimos quarenta anos em Gramado, como coadjuvantes dos cantinhos que sobram nas praças e logradouros turísticos, onde vendem seus trabalhos como souvenirs, com o agravante que precisam competir com as paracangalhas esdrúxulas trazidas da China, com a marca de Gramado.

Já escrevi exatamente sobre esse assunto em 1985, e acho que foi publicado no Jornal de Gramado, ocasião em que levei uma carraspana de um importador da época, onde ainda o Paraguai intermediava estas bugigangas. Pois o que mudou de lá pra cá foi apenas o volume e a variedade.

Preste atenção! Eu não sou contra os produtos baratos da China. Não sou mesmo. Não sou contra coisa alguma. Quero apenas levantar o alerta que Gramado está gemendo e choramingando em busca de sua identidade perdida, enquanto aqueles que podem resgatar este patrimônio material e imaterial desta identidade, estão esquecidos em cantinhos distantes do grande público (com exceção do lago Negro), enquanto locais de grande visitação ou potenciais para esta finalidade, não estão sendo utilizados.

Vou deixar de ser genérico então.

Lago Negro 
Apenas poucos artesãos, seletivos e sujeitos ao bom humor de uma ou duas diminutas associações podem ter o luxo de expor e comercializar naquele local, que recebe parte dos seis milhões de turistas anuais.

Praça das etnias
Um belo conjunto de edificações que atende a um seleto grupo de artesãos, emergente de estandes criados na ocasião  de antigas Festas da Colônia, que eram ali realizadas, atendendo aos seus associados, que também investem trabalho e talento em bons produtos, mas que por ocasião da Festa da Colônia, que hoje acontece na Expo Gramado, precisam desativar sua estrutura e mover-se para aquele local, especialmente os fornos. Então, os que não participam do evento, sobram escondidos. Mas este ainda é o problema menor.

O magnífico espaço do Lago Joaquina Bier, utilizado para o Natal Luz, além da própria estrutura, fica jogado às moscas durante o resto do ano, ou pior, aos baderneiros, ao tráfico, e apenas aos caminhantes pelas manhãs nevoentas. Enquanto isso, os artesãos correm de um lado a outro em busca de compradores para seu trabalho.

Resgatar o artesanato enquanto atividade matriz de Gramado é urgente. Reescrever a história com apoio e recursos pode mudar valores e restabelecer caminhos. Certo que se diz que não há mão de obra. Há sim, pois toda mão de obra pode ser chamada de talento, se for motivada da maneira correta. E isso pode sim a Prefeitura fazer. Basta boa vontade do Prefeito. basta boa vontade dos Secretários. Basta boa vontade dos artesãos.

Mas não basta fazer isso e não dar suporte de marketing aos artesãos.Não basta enfiá-los num lugar mais espaçoso e dizer- "Te vira!", que isso vai mudar. É preciso que os eventos, os empresários, a hotelaria, restaurantes, lojistas, também participem disso, promovam isso. Como fazer? Há muitas maneiras, mas daí já querem saber demais. Não sou pago pra dar de graça aquilo que põe comida na minha mesa: Ideias. Não sou pago nem por este blog, mas aqui é prazer mesmo.

Mas não faz mal lembrar que apoio não se faz com festinhas e discursos bonitos, ou palavras encorajadoras. Para isso, os livros de auto ajuda dão conta. 

Apoio se faz com ações como criar incubadoras, fortalecer as associações, capacitar, criar escolas de artesanato, adquirir e auxiliar na aquisição de maquinas, equipamentos, matéria prima, recursos financeiros, apoiar em eventos, levar o artesanato de Gramado para feiras, enfim, demonstrar fazendo e não dizendo. Assim, o artesão vai acreditar que tem apoio de verdade.

PS*
Após publicar esse ensaio, fui procurado por artesãos, que me relataram problemas pontuais, como vizinhos que sentem-se incomodados com a circulação de ônibus no Lago Negro, uma conquista do tempo da administração do Pedro Bertolucci, que acabou caindo no "deixa pra lá" nos anos seguintes, e aqueles artesãos acabaram perdendo sua fonte de recursos.


Segundo uma artesã entrevistada, as empresas de turismo não levam mais ônibus ao local. Então, o problema dos moradores (que também tem seu direito ao sossego, afinal escolheram Gramado por esta imaginária razão, e defrontam-se com entra e sai de veículos barulhentos na porta de casa. Já do outro lado, são os veículos barulhentos quem levavam o pão para as famílias que deste trabalho dependem.

Fedoca tem um foguete para segurar pelo rabo, pois este não é um problema criado em sua administração, mas foi dele a promessa de resolver o problema. Então, mãos à obra. 

Conversei com o secretário da Cultura, Alan Lino, que demonstrou grande preocupação e empenho em dar uma solução definitiva e satisfatória ao problema. Só que o problema não está afeto apenas a resolver trânsito ou vizinhos encrenqueiros, e sim. por respeito ao gigantesco trabalho e legado de Elisabeth Rosenfeld, a quem prestam homenagem, que não seja vista apenas como uma mulher talentosa que criou o Kikito, mas uma visionária que deu identidade à Gramado em uma era de inovação, onde a palavra ARTESANATO era icônica de uma cidade.

Reforço o desafio de que Gramado seja novamente transformada em Polo de Inovação, Polo de Criatividade, Polo de Inventividade, aquilo que Elisabeth fez, que perdure com aquilo que as novas gerações poderão perpetuar.

Não  terminei. Sente aí e sirva mais um mate, pois ainda vou falar de tecnologia. A nova febre do mundo. Pensando bem, não vou falar agora. Vou dedicar um ensaio só pra isso. Aguarde.




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