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domingo, 9 de julho de 2017

A escolha da Rainha - Uma lição das abelhas e historias de minha infância



Acabo se assistir a uma belíssima reportagem do Globo Rural, meu programa favorito desde que iniciou,lá na década de 70, eu acho. Esta minha frustração urbana de não ter um lota pra carpir, se arrasta comigo desde a minha infância, quando tínhamos uma pequena, mas belíssima horta, mas plantada em terreno de outro dono. Um dia,uma estrada soterrou nossa hortinha. Também eu tinha um pé de ameixa europeia plantado em frente à casa, que eu mesmo o plantara. Estava lindo, e em breve, comeria as primeiras ameixas. Não comi. O terreno foi vendido, e mudamos para outro terreno maior, mais central. Minha esperança então estava na horta futura. Não aconteceu, pois o terreno era um banhado e levaram muitos anos para que ficasse em condições habitáveis.  Mesmo assim, plantei minhas hortaliças ali, e algumas árvores. Também não durou. Fui embora, e as árvores permaneceram. Uma delas era uma cerejeira do mato. Quinze anos depois, fui chamado ao local, pelos inquilinos de minha avó, que sabiam do meu amor pelas árvores, para que eu colhesse e comesse as primeiras cerejas produzidas pela árvore. Emocionado, cumpri o ritual. Comi as três primeiras, e o resto ficou para delícia da família inquilina. O mesmo aconteceu com uma cerejeira que plantei na casa de minha mãe. Dez anos depois, comi a primeira cereja da árvore que eu havia plantado. Hoje onde moro, eu não tenho como plantar árvores, pois em um canteiro de condomínio, o máximo que se usufrui são alguns chás e temperos, que com perseverança procuro mantê-los saudáveis. Nada mais.

Porém, meu apego à terra e suas coisas e lembranças, não morreu. E de minhas lembranças em Gramado,algumas dizem respeito às migrações das andorinhas, cujo enxame pareia um rio negro que escorria durante horas pelo céu. Não existem mais. Outro espetáculo eram as boiadas que atravessavam a vila, deixando os meninos de olhos arregalados em êxtase coletiva, assistindo o espetáculo dos boiadeiros.Mas nenhum deles era tão excitante quando o zumbido dos enxames migratórios que preenchiam as manhãs de primavera pelos arredores das matas de minha pequenina vila, nos dias de minha infância. Aquele zumbido era uma sinfonia, pois significava o mesmo que ouro dançando pelos ares. Mesclando-se ao perfume das flores e das matas, ouvir zumbidos de abelhas pela manhã simbolizava a fortuna chegando, porque atrás do zumbido, vinham os vizinhos experientes, batendo em latas e jogando água nas abelhas, para que pousassem em alguma árvore, e assim conseguiam capturar o enxame, localizando a Rainha e a aprisionando em uma caixa. Em breve, o enxame inteiro estaria à volta dela, protegendo-a e iniciando uma nova colmeia.

Na reportagem que vi, tema da chamada desta reflexão, vi que os especialistas são capazes de selecionar as melhores rainhas, e com técnicas que dão orgulho aos nossos cientistas brasileiros, fornecem as rainhas selecionadas aos apicultores, que conseguem retirar até setenta quilos de mel, onde antes colhiam apenas vinte quilos. Isso mesmo. Quase quatro vezes mais, simplesmente porque uma abelha rainha foi bem escolhida e bem tratada.

Na política não é diferente. A abelha rainha deve ser escolhida com critérios, e uma vez escolhida, devem ser tratadas com cuidado e atenção. Elas recebem o melhor alimento, a geleia real, mas em troca, põem cerca de oitenta ovos por dia, e em poucos dias, milhares de operárias estão engajadas em produzir o máximo de mel, com as florada que encontra na região.

As abelhas são o povo, e as flores são o meio de produção. Percebe-se que a abelha rainha recebe o melhor, a geleia real, mas devolve tudo em produção. Ela não ganha o melhor por ser bela, mas ser forte. Ela não se torna forte para combater, mas para produzir. Ela não produz para consumo do ego, mas para que suas filhas tenham mais oportunidade e alimento, para que suportem as agruras do inverno.

Há porém casos, em que vespas invasoras invadem as colmeias, matam as abelhas e a rainha, e roubam a produção para seu uso exclusivo. Fartam-se de comer e depois vão embora, deixando as caixas vazias e improdutivas.

Seus governantes são abelhas rainhas, ou apenas vespas invasoras, que além de nada produzirem, ainda roubam o alimento da sua mesa para sustentar seu ego e abastecer as despensas reais para os banquetes ideológicos que enriquecem o Estado empobrecendo o Povo?







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