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sexta-feira, 16 de junho de 2017

Entre conchavos e traições - As Curvas do Impasse Político de Gramado



Mal terminou a eleição. Faltam mais de três anos para a seguinte.Mas é agora que começam a se configurarem os cenários que irão nortear a política de Gramado daqui por diante. Tentarei desenhar um mapa da situação possível diante dos fatos que surgiram desde o fim das campanhas, e tentar posicionar os leitores acerca do que poderão encontrar neste caminho.

Perguntam-me os que acordaram agora, se não é cedo demais para falar em eleição, e muito  recente para ficar lembrando e chorando o leite derramado, ou celebrando o fiapo de frango entre os dentes, pelos que venceram. Mas digo que não. Este pensamento de que política só deva acontecer durante a campanha é que permitiu que o Brasil chegasse onde chegou. Então temos sim que pensar em política, respirar política e falar em política, para que não  deixemos que façam isso os maus políticos, os corruptos, os interesseiros,os sujos, que respiram politicagem, que fazem politicagem e que evacuam politicalha no prato do eleitor de quatro em quatro anos.

Quero imaginar, diante do que tenho visto, como serão as eleições em 2020, e o que vejo é isso. Acompanhem comigo.

1 - PDT 
Partido com o estandarte de Fedoca, que foi convidado pelo PMDB para compor a majoritária, depois das devidas lisonjas, não fez-se de rogado, e assentou-se à ponta da mesa. O namoro correu solto, muitos convidados para as bodas, mas, nem foi dado a sentença pelo juiz de paz, e o PMDB tomou seu primeiro chute no traseiro. Nem a Lei Maria da Penha foi suficiente para botar freio na traição, e imediatamente foi chorar a a traição com seu lencinho perfumado de ideais, no cantinho da saudade.

Dia após dias, voluptuosas matronas adentravam o lar dos pombinhos, e iam tomando assento à mesa farta de guloseimas, às quais eram devoradas com avidez e fome incontida. Entram aí, para macular os sagrados laços deste matrimônio, aqui revelado como "patrimônio", o PT, o próprio PDT e alguns dos demais partidos nanicos que se aglutinaram nos umbrais disputando as sobras das carnes mais gordas, isto é, os cargos, não tanto pela honra de servir ao povo, mas mais pela segurança de um salário todo mês nestes tempos bicudos, onde cada centavo precisa ser honrosamente valorizado.

Cresce, dia a dia o PT no Governo de Fedoca. Direito que absolutamente lhe cabe:  escolher em quem confiar. E Fedoca escolheu não confiar no PMDB. Deve ter sido feia a coisa, e a impressão que passa é que está além das ideologias, até porque, ideologia é algo que se discute antes dos acordos e não depois.

Sendo assim, não vejo um cenário favorável à continuidade deste acordo na próxima eleição, e mesmo que haja um entendimento, o que seria saudável à Gramado, dificilmente o PMDB cairia numa segunda cantilena de sereia vinda do PDT. Então, descarto a atual dobradinha.

Fedoca então terá que buscar apoio e votos no próprio Partido,o PDT. Tem apoio, mas não tem votos. Não elege nem um Vereador, quanto mais Prefeito, sem apoio de outros partidos. Assim, o Partido que mais se alinha atualmente com Fedoca é o PT, haja vista o poder concentrado na Administração e Comunicação, entre outros cargos, de partidários de Lula, Dilma, Genoíno e Zé Dirceu. Fecharia então a dobradinha PDT-PT, e os demais partidos continuariam, neste cenário, a buscar novas alianças e nomes.

2 - PMDB
O PMDB de Evandro Moschem, atual Vice-Prefeito, e nesta leitura, o traído pela parte não escrita do acordo firmado para destronar Pedro Bala (leia-se no cenário do então adversário, seu sucessor, que venceu Fedoca por estrondosa votação,mas não teve capacidade, ou vontade política, de preparar um sucessor. Então, necessita Evandro e o PMDB buscarem formar novas alianças, e desta vez, ajudarem a escrever as letrinhas miúdas, e de modo algum assinarem qualquer acordo sem uma boa xícara de café para estarem alertas ao firmarem acordo. 

Vejo como forte e desejada possibilidade, por muitos peemedebistas, e também pepistas, de um acordo histórico entre os dois maiores rivais ideológicos de Gramado. Porém, se considerarmos como ideologia o interesse pela manutenção de uma Gramado saudável em todos os sentidos, veremos que não há divergências muito significativas, senão apenas alterações de ego, onde um e outro não aceitam o segundo lugar, pois estar em segundo é o que o PMDB está sentindo e engolindo em seco desde janeiro. Assim, cabe a Evandro a tarefa de guiar o Partido à reorganização de sua estima, e quando falo em estima, lembro de vê-lo em campanha esbravejando com audácia, que iriam "tirar o Pedro bala do caminho". Tiraram, mas não usufruíram dos despojos. O PT chegou primeiro e voou na frente. Avançou na presa e não larga mais o osso. Com a bênção do PDT.

3 - PP
Dominou absoluto por dezesseis anos em Gramado. Fez o que quis.  Ao Partido deve-se o que de bom e também as falhas das administrações de Pedro bala e seu sucessor. Porém, Pedro foi candidato por seis vezes em Gramado. Perdeu a primeira e a última eleição onde concorreu. O que de bom havia em sua liderança ideológica e partidária era que conseguia unanimidade em torno de seu nome. Falhou quando não preparou sucessores, entre o primeiro e o segundo mandatos. Corrigiu esta falha elegendo seu Vice, que reelegeu-se novamente, mas, empenhado em governar, deixou espaço vazio no Partido, e não foi capaz de eleger um sucessor.

Neste cenário, o PP desunido, fragilizado, incerto, busca reorientar-se e buscar posição junto à oposição. Ainda não conseguiu, pois apesar de seus ferozes combatentes, é uma Vereadora independente, do PRB, quem faz o fiel da balança e dá o voto de Minerva, o decisivo, nas questões onde a oposição necessita posicionar-se. Mas ela lidera apenas a si mesma. Não tem ascendência sobre o PP. E o PP, sob a liderança de Ubiratã de Oliveira, a qual divide com Luia Barbacovi, produz os arroubos de frente ao Executivo. Isso favorece o Partido como oposição, mas não desenha um cenário possível para sucessão de seu opositor, Fedoca.
Não posso esquecer o nome de
Jandira Tissot, que fez um grande trabalho junto às Damas de Caridade, enquanto Primeira Dama do Município, e demonstrou garra e determinação no comando do PP Mulher. Hoje ocupa a Vice Presidência do partido (PP) e não nega, em conversa coloquial, sua vontade de emprestar sua experiência para comandar a Prefeitura em 2020. 
Ainda na ala feminina, oriunda do PMDB, tem outra promissora eventual candidata, a Advogada Mariana Melara Reis, que com discrição, tem desempenhado uma forte atuação, especialmente compondo a inteligência jovem do Partido.

Diante desta leitura, busquei ouvir  pessoas e reunir nomes que poderiam, se fosse hoje a eleição, frentearem o Partido ao embate, e encontrei Bruno Colletto,atual Presidente da nova geração do Partido, ainda em busca de localização da situação e com pouco apoio dos desiludidos caudilhos de  da reserva, que poderá emergir como um potencial candidato à Prefeito ou vice. 

Além de Bruno,  outro nome de um jovem empresário oriundo de tradicional família do PP, Eduardo Zorzanello, que não tem histórico de participação em campanhas, mas tem sólido apoio de políticos tradicionais e empresários do setor de Turismo.

Ubiratã de Oliveira tem demonstrado desde muito tempo atrás, interesse em concorrer à majoritária do Partido. Seus esforços se encaminham nesta direção, e perguntado acerca da possibilidade, não desconversa.

Segue-se um nome fortíssimo, que reúne experiência e equilíbrio de postura política, Luia Barbacovi, que após sofrer revezes dentro do próprio Partido, algo que os mais exaltados poderiam chamar de traição, mas que na verdade são os caminhos que urdem o tecido da política, e que amadurecem a pessoa, enquanto inoculam as vacinas para futuras negociações.

Em todos estes nomes, do PP e PMDB, vejo possibilidades de acordos, e que, se surgir uma eventual aliança entre estes partidos, o desafio seguinte seria definir a cabeça de chapa. Mas isso é um problema para mais tarde.

4 - PRB
Com uma única Vereadora, Manu Calliari, o PRB é uma incógnita, pois sendo um Partido notadamente ligado à Igreja Universal, de Edir Macedo e Marcelo Crivella, o PRB tem crescido em Gramado, e embora não alcance número expressivo de votos, tem força empresarial que dê fôlego para abrir espaço junto a outros partidos, e forçar uma coligação de peso. Manu não esconde sua ambição política, e com o direcionamento certo e um bom marketing, um trabalho de crescimento de seu partido, tem possibilidades interessantes em Gramado.


5 - PSDB
O PSDB de Jorge Drumm é um aliado silencioso, mas inteligente, que teve notável participação na campanha recente, onde que, com sutileza, conseguiu tirar do páreo pelo menos quatro pré-candidatos a vice com Pedro Bala, cuja vitória era dada como certa, mediante as condições aparentemente favoráveis da UPG naquele momento. Jorge mantém seu estilo discreto, mas atuante, e mais parece mineiro, comendo pelas beiradas. Fez parte do Governo de Yeda Crusius, dirigindo a CORAG, e era bastante ouvido pela então governadora. Drumm sabe negociar e embora não seja mais Presidente de seu Partido, é o nome da placa na porta de entrada do PSDB de Gramado, que poderá surpreender em 2020. É aberto ao diálogo, e não vê nenhum problema de compor-se com o PP, ou com o PMDB.

6 - PT
Não perco meu tempo com o PT. Sou elitista, parcial e assumo meu nojo pessoal por esta agremiação ideológica. Mas mesmo assim, o PT já queimou todas as suas fichas em Gramado, ainda no tempo que acreditavam que o povo acreditasse que eles eram confiáveis.

7 - Candidato Surpresa
Este pode ser qualquer um, mas pode ser que não seja um qualquer. Pode ser você. Tem três anos para construir a sua historia política e três anos, em política, pode ser uma eternidade, se souber direcionar seus objetivos e construir as bases para uma candidatura surpresa. Não precisa estar filiado a nenhum partido, por enquanto, pois terá tempo hábil para isso alguns meses antes do pleito para filiar-se ao partido que desejar. E lembre-se que partidos existem muitos, mas candidatos com chance de vitória, são poucos. Por que então que não seja você?

8 - Empresários
Existe ainda uma forte possibilidade que alguns empresários possam demonstrar interesse pela política, ao longo do tempo,embora que se o interesse deles venha a ser para o cargo de Prefeito, quanto antes mostrarem a cara ao eleitor, melhor, porque eleitor confia em quem conhece, em quem vê, de quem ouve muito falar e com quem possa identificar-se.




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