Você é um líder? Parabéns! Mas também, meus pêsames. Você está na via dos paradoxos. No caminho das incertezas. Na linha fina entre o bem e o mal. Cercado de pessoas que o apoiam, com ideias próprias, e o cercam de mais incertezas, seja pelos conselhos em multidão, seja pelas cobranças. Afinal você é líder. Você conduz o sucesso e o fracasso. Você é o sucesso, e é você também o desajeitado chamado de fracassado. Mas você é líder. Isso só o tempo pode mudar. E um bom lider que se mostra vivo, tem pouco tempo para refletir sobre as coisas. Precisa agir, muitas vezes com urgência, e a reflexão é atributo dos desocupados. Não que eu creia nisso,mas assim o crê a multidão.
A multidão é sua aliada e sua algoz. Para saber se você é um bom líder, veja que está à sua volta, quem o assedia, ou quem se distancia quando você se aproxima, pois o líder medíocre acerca-se de bajuladores, de puxa-sacos; o déspota, acerca-se de opositores e inimigos, e o sábio líder está rodeado de bons conselheiros.
Os bajuladores floreiam todas as palavras na adulação, para que sejam vistos como perfumados, apesar de nocivos e medíocres pela falta de conteúdo de suas adulações. Importa que sejam notados. Importa que estejam no cortejo da vitória. Mas são periféricos. Permanecem na ala de fora do cortejo, para que sejam vistos por todos, e suas pavonices invejadas pelos preteridos.
São, os bajuladores, os primeiros a despencarem nas adversidades, nas contrariedades., no balançar da carruagem, despencam com facilidade, e agarram-se com a mesma facilidade a qualquer outra carruagem que esteja passando, não importando onde ela vá, contanto que esteja em movimento. Querem estar na ação. Assim eles são. Por isso são desejados pelos medíocres, para que possam ter seu próprio séquito de volúveis. São baratos. Não pensam, apenas agem. Agem pelo vácuo, porque é de vácuo que são formadas as sua mentes.
Os Déspotas são ávidos pelo confronto, e não raro fazem inimigos. Forjam contendas e nelas confrontam os desafetos. Então agem com despotismo. Com mão de ferro. Acercam-se em muralhas, cavam fossos e os povoam com feras. Mantém-se alertas para que não caiam eles próprios entra as feras. Feras são feras. Não distinguem entre aliados e inimigos. O sangue de ambos tem o mesmo sabor.
Desta forma então, dividem, os déspotas, vencedores e vencidos. Aliados e opositores. Opositores fora do castelo. Aliados dentro do castelo. Porém, de modo geral, os muros que cercam os castelos são limitados. Frios, insalubres, e a fartura está do lado de fora. É lá que está o povo. É lá que encontram-se as plantações, os pomares, a liberdade, mas os déspotas temem a liberdade, temem o povo, temem os opositores e temem a si próprios. Então, cercam-se dos que aceitam pensar igual à eles.
O Líderes sábios acercam-se de bons conselheiros, e fazem dos conselhos seu desjejum, e os abraçam ao dormirem. O apagar das luzes é um conforto para os que buscam a sabedoria na multidão dos conselhos, e não desprezam o conhecimento. O adormecer é prazeroso aos que têm nos conselheiros a sua lucidez, e nos que não temem a verdade, o seu compêndio de instrução.
Assim, os sábios, os déspotas e os medíocres não podem conviver na mesma pessoa, mas pode o mesmo líder ser um ou outro, se acordo com sua vontade de transformar-se em Estadistas, em Notáveis, em Modelos exemplares para seu povo. Podem então os verdadeiros líderes buscar a distinção entre os três modelos que os cercam, e moldarem suas decisões à sabedoria, que os aproxima do povo.
Os líderes que sabem manter-se distantes dos bajuladores, respeitando os opositores, e buscando os conselheiros, terá êxito na vida e depois dela, nas páginas da história.
Um verdadeiro líder não nasce depois que toma o poder, mas no silêncio da busca pelo serviço aos outros. O verdadeiro líder pode ser qual quer um. Talvez você.
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